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O mundo assiste a um embate diplomático a respeito de qual agência internacional deveria encabeçar a luta contra o aquecimento da Terra. A França defende a criação de uma nova agência da Organização das Nações Unidas (ONU) com amplos poderes, enquanto outros países preferem que os órgãos já existentes assumam a tarefa.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, deseja reformar as atuais agências da ONU afetadas pelas mudanças climáticas, cujo impacto atingiria diversos setores, tais como os de segurança, social, ambiental, de saúde e educacional.

A França e outros países argumentam que não há hoje um órgão realmente equipado para enfrentar a crise e que uma nova agência deveria ser criada.

"Não vemos qualquer problema na criação de uma agência que possa discutir a questão no nível dos gabinetes de governo", afirmou Gordon Shepherd, chefe de política do grupo WWF International. "Mas isso não pode ser usado como uma desculpa para que, no meio-tempo, os governos se omitam."

A proposta da França, de criar a Organização Ambiental das Nações Unidas, foi divulgada pela primeira vez na Cúpula da Terra realizada em 2002, em Johanesburgo, e retomada três anos depois. A proposta conta com cerca de 40 defensores, em sua maioria países de língua francesa.

Entre os contrários à idéia, por vários motivos, estão o Brasil, os EUA e a China.

Ambientalistas notam que ao menos 20 órgãos da ONU, desde seu programa ambiental (Unep) e sua agência para refugiados (Acnur) até a agência para a saúde (OMS) e a agência para a alimentação (FAO) tratam de questões relacionadas, em uma medida ou outra, com o aquecimento global.

"Há um veículo já existente", afirmou Shepherd. "Ele não funciona muito bem, mas pode ser melhorado enquanto não se criar uma nova agência."

Alguns diplomatas argumentam que, em vista da urgência em enfrentar o problema, a idéia da França seria um erro.

Sublinhando a gravidade da crise climática, cientistas dos EUA descobriram recentemente que o Ártico vem diminuindo em uma velocidade três vezes maior do que a previamente calculada.

"O que temos hoje está muito longe da perfeição, mas, em certa medida, funciona. Começar do zero agora seria como reorganizar as cadeiras no convés do Titanic depois de ele ter se chocado com o iceberg", afirmou um diplomata britânico, que não quis ter sua identidade revelada.

Quando o assunto é a criação de um novo órgão para o combate às mudanças climáticas, há também dúvidas sobre a forma de custeá-lo e de dirigi-lo. É provável que os países desenvolvidos e os em desenvolvimento se enfrentariam na disputa pelo controle desse órgão.

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