Representantes de 45 países se reuniram na quinta-feira para buscar maneiras de arrecadar bilhões de dólares para ajudar nações pobres a combater a mudança climática, enquanto a ONU os alertou que há um longo caminho até a desaceleração do aquecimento global.
Ministros e outras autoridades reunidos em Genebra estão avaliando se os países ricos, após adotarem medidas de austeridade devido à crise econômica, estão mantendo sua promessa de 30 bilhões de dólares em ajuda climática "nova e adicional" até 2012, conforme prevê um acordo de cumprimento facultativo definido na cúpula climática de Copenhague, em 2009.
A chefe climática da Organização das Nações Unidas (ONU), Christiana Figueres, disse à Reuters que "as verbas são críticas" para a retomada da confiança entre países ricos e pobres, abalada na conferência de Copenhague, que terminou sem o aguardado acordo climático de cumprimento obrigatório.
A costarriquenha afirmou que a definição das verbas poderia resultar em avanços em outras questões climáticas, como o compartilhamento das tecnologias limpas e a proteção de florestas, na próxima conferência climática, marcada para 29 de novembro a 10 de dezembro em Cancún, no México.
O ministro suíço do Meio Ambiente, Moritz Leuenberger, disse no início dos dois dias de discussões que "a regulamentação das questões financeiras é uma pré-condição chave para a conclusão bem sucedida das negociações climáticas em Cancún".
Mas ela previu que a conferência de Cancún tampouco resultará em um novo tratado climático que substitua o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. "Não acho que os governos estejam considerando (um tratado) para Cancún."
Na opinião dela, é mais realista esperar avanços graduais. O encontro de Cancún poderia acabar adotando um novo prazo para a definição de um tratado de cumprimento obrigatório, talvez até o fim de 2012.
Ela disse que é crucial que os países desenvolvidos tenham alocado 10 bilhões de dólares para a ajuda climática até o início da conferência de Cancún.
Mas ela pediu aos países em desenvolvimento que deem uma margem na avaliação sobre se o dinheiro realmente constitui uma ajuda "nova e adicional", conforme prevê o documento de Copenhague.Ela lembrou que, até a cúpula, todos os países já terão aprovado seus orçamentos anuais, e que "há razões justificáveis para ver por que 100 por cento dessa alocação (em 2010) não será adicional".
A Holanda pretende lançar na sexta-feira um novo site para monitorar as promessas climáticas.
Uma análise inicial feita pela Reuters mostra que as promessas de ajuda totalizam 29,8 bilhões de dólares para 2010-12, mas não está claro quanto desse valor é uma verba nova.
O Japão, por exemplo, é o país que mais prometeu verbas, 15 bilhões de dólares, mas grande parte da quantia já está alocada há anos.