Os países em desenvolvimento, inclusive gigantes emergentes, como China e Índia, não estão preparados para assumir a culpa pelas mudanças climáticas, disse na terça-feira o presidente do G77, que reúne esses países.
Alguns governos na Europa e na América do Norte querem que os países em desenvolvimento aceitem limites às suas emissões de gases do efeito estufa a partir de 2012, quando expira o Protocolo de Kyoto, mas o G77 deve se opor a isso.
``A maior parte da degradação ambiental ocorrida foi historicamente causada pelo mundo industrial'', disse Munir Akram, que também é embaixador do Paquistão na Organização das Nações Unidas.
``China, Índia e outros estão agora decolando, e é bastante natural que suas emissões de carbono estejam crescendo'', afirmou ele em entrevista coletiva após dois dias de reuniões de diplomatas do G77 em Roma.
``Há uma espécie de esforço de propaganda para tentar jogar a culpa pela degradação ambiental sobre essas economias de rápido crescimento, e os motivos não são muito bem disfarçados.''
Uma das principais razões alegadas pelo presidente George W. Bush para retirar os Estados Unidos do Protocolo de Kyoto foi o fato de o tratado da ONU, de 1997, só impor metas de redução nas emissões de gases do efeito estufa aos países desenvolvidos.
A União Européia permaneceu no pacto, mas quer a inclusão dos países em desenvolvimento nas metas de redução para uma segunda fase, que será discutida em dezembro numa reunião da ONU em Bali (Indonésia).
``Os países em desenvolvimento contribuem o mínimo com a degradação ambiental, mas são afetados ao máximo'', disse nota divulgada pelo G77 após a reunião em Roma, que tratou de inúmeros temas, como ajuda internacional e reforma da ONU.
A China, que atualmente cresce dez por cento ao ano, com consequente aumento na demanda por energia, constrói supostamente uma nova usina termoelétrica a carvão a cada cinco dias, o que é uma enorme fonte de dióxido de carbono, o principal dos gases do efeito estufa.
Mas Akram disse que qualquer esforço para limitar as emissões do país nos próximos anos seria vista com suspeita, especialmente porque a maioria dos países desenvolvidos não avançou muito na redução das próprias emissões.
``A não ser que o Norte [do mundo] chegue a termos com sua responsabilidade, será difícil atingir um consenso internacional pelo qual todos nós possamos contribuir para parar a degradação do meio ambiente; e certamente parar o desenvolvimento dos países em desenvolvimento não é a resposta.''
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