Ouça este conteúdo
Em todos os países europeus, mais de 14,7 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 já foram aplicadas - o que representa uma cobertura de quase 2% da população. Dessas, 7,57 milhões foram distribuídas nas nações da União Europeia, segundo levantamento do site Our World in Data nesta sexta-feira (22). Mas entregas das vacinas pelas farmacêuticas em volume menor do que o esperado têm causado preocupação em meio ao rápido aumento dos contágios e do surgimento de variantes mais contagiosas do vírus.
A farmacêutica sueca AstraZeneca disse nesta sexta-feira que as primeiras entregas para a União Europeia das doses da vacina contra a Covid-19 que desenvolveu em parceria com a Universidade de Oxford serão "em número menor do que o esperado anteriormente".
O imunizante da Universidade de Oxford/AstraZeneca ainda não foi autorizado pela União Europeia, mas a permissão pode ser dada na segunda-feira. O bloco já deu autorização para o uso emergencial das vacinas contra o coronavírus da Pfizer/BioNTech e da Moderna.
"Embora não esteja programado um atraso no início da entrega da nossa vacina caso recebamos aprovação na Europa, os volumes iniciais serão menores do que o esperado inicialmente por causa da redução de rendimento em um local de fabricação dentro da nossa cadeia de suprimento europeia", afirmou um porta-voz da AstraZeneca em comunicado.
"Nós forneceremos dezenas de milhões de doses em fevereiro e março para a União Europeia, enquanto continuamos a aumentar os volumes de produção", continua a nota.
A União Europeia fechou um acordo para a compra de pelo menos 300 milhões de doses da AstraZeneca, com opção para um adicional de 100 milhões. O total de doses seria suficiente para imunizar pouco menos da metade das 446 milhões de pessoas que vivem nos territórios do bloco. O plano da farmacêutica é oferecer mais de 3 bilhões de doses em todo o mundo.
As dificuldades da AstraZeneca atingem também outros países de fora da União Europeia, como a Noruega, que comprou 1,2 milhão de doses. O Reino Unido é o único país da Europa que já autorizou o uso da vacina da AstraZeneca/Oxford, assim como a da Pfizer.
A União Europeia também não poderá contar com o mesmo volume das entregas iniciais que era esperado da vacina da Pfizer, já que a empresa anunciou, na semana passada, que atrasaria em três ou quatro semanas a entrega das doses. A farmacêutica dos EUA informou que precisaria reorganizar a sua produção e aumentar a capacidade de fabricação de 1,3 bilhão para 2 bilhões.
Europa quer acelerar vacinação
Chefes de governo e de Estado europeus se reuniram em videoconferência na noite de quinta-feira e demonstraram frustração com a lentidão da vacinação no continente e com a falta de vacinas nos países mais pobres.
O novo coronavírus já matou mais de 435 mil pessoas na Europa desde o início da pandemia.
A emergência da pandemia mudou dramaticamente nas últimas semanas, com o surgimento de novas variantes mais contagiosas do vírus e com o rápido aumento do número de casos e internações por Covid-19 em diversas regiões. Especialistas também se preocupam com a possiblidade de que algumas dessas variantes possam escapar do efeito das vacinas que já estão disponíveis.
A explosão de casos e o surgimento das novas cepas obrigou os líderes europeus a criar uma nova classificação do risco da pandemia nas regiões, adicionando a categoria "vermelho escuro" às categorias anteriores (verde, laranja e vermelho), que já apareciam nos mapas. Áreas designadas com a nova classificação vermelho escuro podem estar sujeitas a maiores restrições para viagens não essenciais e exigências mais rígidas de testes.
Diante desse cenário, durante a videoconferência os líderes europeus demonstraram preocupação por não ter um volume maior de doses das vacinas, e o sentimento de que os países estão à mercê das fabricantes das vacinas, que precisaram alterar o cronograma de produção, segundo noticiou o site Politico.
Os líderes querem que a vacinação seja acelerada", disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, ao final da conferência com as 27 nações. "E neste aspecto, os compromissos com as entregas feitos pelas empresas devem ser respeitados", afirmou.
Apesar do cenário preocupante, Charles Michel e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disseram que ainda acreditam que a União Europeia irá atingir a meta de vacinar 70% população até o verão no Hemisfério Norte.