A contagem regressiva para resolver a crise migratória na Europa começou, nesta semana, em Davos, onde se reuniram alguns dos principais líderes do continente, conscientes de que devem anunciar o quanto antes uma solução ante o risco de um colapso total.
“Temos apenas algumas semanas pela frente para propormos soluções (...) porque, caso contrário, surgirão respostas individuais dos países e será o início inevitável de um processo de desmantelamento”, advertiU, nesta sexta-feira (22) o ministro francês da Economia, Emmanuel Macron.
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, havia advertido na quarta-feira para o risco do “deslocamento” do projeto europeu ante os diferentes desafios, entre eles a crise migratória.
“Temos que resolver este problema nas próximas seis ou oito semanas”, afirmou o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, porque “quando a primavera (boreal) voltar e o número (de imigrantes) for quadruplicado, então a União já não poderá administrar” essas chegadas massivas.
Os empresários e investidores também mostraram sua inquietação. “A União Europeia está caindo aos pedaços”, assegurou o investidor húngaro-americano George Soros, personalidade reconhecida no setor financeiro mundial.
“Há um pânico total na política de acolhida da Europa” porque “já passamos pelo momento em que o fluxo (de imigrantes) poderia ser integrado pelos países”, disse, na quinta-feira, ante um grupo de convidados reunidos em um hotel da cidade alpina.
Esse pânico se traduz em um “salve-se quem puder e, nessas condições, não posso culpar Viktor Orban (primeiro-ministro húngaro) de tentar proteger suas fronteiras”, acrescentou Soros, que nasceu em Budapeste. Contudo, o investidor criticou Orban por não querer participar de uma política de acolhida comum.
“Estamos sozinhos”
A frustração diante da falta de coordenação europeia foi expressa também pelo ministro de Relações Exteriores polonês, Witold Waszczykowski, ante a chegada de um milhão de ucranianos, apesar de as autoridades daquele país terem desmentido que sejam refugiados.
“Estamos sozinhos nesta crise”, lamentou esta autoridade polonesa, após recordar que, para os imigrantes que chegam do Oriente Médio, a UE conseguiu chegar a um acordo com a Turquia.
Uma desorganização europeia que se agrava devido ao fato de alguns países-membros esperarem propostas de Bruxelas para imediatamente criticá-las em público, disse a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini. “Corremos o risco de entrar em um ciclo em que os países pedem soluções europeias, cujas aplicações são logo bloqueadas”, acrescentou.
O secretário de Estado americano, John Kerry, reivindicou um “aumento de 30% para o financiamento humanitário das Nações Unidas”. O Departamento de Estado destacou que esse pedido por contribuições elevaria a ajuda humanitária internacional para os refugiados “de 10 bilhões de dólares em 2015 para 13 bilhões de dólares este ano”.
Mas algumas vozes surgem para assegurar que esta crise possa ter vantagens econômicas, como assegurou o governador do Banco Central europeu, Mario Draghi.
“É uma oportunidade. Investe-se na integração dos refugiados e se recupera esse investimento”, assegurou a economista Hélène Rey, também em Davos.
A imigração “poderia, na verdade, incrementar um pouco o crescimento na Europa”, apesar dos gastos para receber os imigrantes. “Politicamente, é outra história”, reconheceu Nariman Behravesh, chefe economista do gabinete britânico IHS.
Mas o FMI adverte que isso não é uma evidência: “com uma alta taxa de desemprego em vários países europeus, a integração dos refugiados poderia exigir mais tempo do que em outras partes” do mundo, explicou em um relatório apresentado, na quarta-feira, em Davos.
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