Durante as investigações foi possível contabilizar o tráfico de até 280 quilos de heroína e 100 quilos de cocaína provenientes da América do Sul, em especial da Colômbia.| Foto: EFE/EPA/Bienvenido Velasco
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Uma operação europeia com participações de Itália, Alemanha, Bélgica, Portugal e Espanha resultou no que é considerado o maior golpe contra a 'Ndraghetta, máfia da Calábria (sul da Itália), e a sua grande rede de tráfico de drogas proveniente da América do Sul, assim como tráfico de armas para grupos paramilitares na Colômbia.

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Ao todo, foram detidas 155 pessoas, 108 na Itália, 24 na Bélgica e seis na Alemanha, e emitidos 23 mandados de captura em vários países europeus, incluindo a Espanha, explicou o representante da Agência da União Europeia para a Cooperação Judiciária Penal (Eurojust) na Itália, Filippo Spiezia, que definiu a operação, batizada Eureka, como a maior e mais importante já realizada em nível europeu e que levou três anos de investigação.

Trata-se de uma operação internacional que envolve autoridades de Brasil, Bélgica, Alemanha, Itália, França, Portugal, Eslovênia, Espanha, Romênia e Panamá, com mais de 2.770 agentes envolvidos, afirmou a Europol em comunicado.

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Cada um dos suspeitos é acusado de associação mafiosa, tráfico internacional de drogas com a agravante da transnacionalidade e de grandes quantidades, tráfico de armas, incluindo crimes de guerra, lavagem de dinheiro, tendo sido atingidas, em particular, as famílias N'draghetta Nirta-Strangio e Morabito.

Na Itália, as detenções foram efetuadas não só em Reggio Calabria (sul), mas também em várias cidades italianas, e contou com a assistência de procuradores de Gênova e Milão (ambas no norte) e 1,8 mil carabineros.

O procurador Giovanni Melillo, que dirige a Direção Nacional Antimáfia, explicou que, além do tráfico de drogas, também foi possível desmantelar organizações criminosas transnacionais especializadas no envio de dinheiro de um país para outro e geridas por cidadãos chineses, assim como o envio de armas de guerra de países da antiga União Soviética para grupos paramilitares na Colômbia e no Paquistão.

A operação revelou também a incrível ramificação da 'Ndraghetta, a máfia mais poderosa da Itália, tanto no norte do país como em Bélgica e Alemanha.

Durante as investigações foi possível contabilizar o tráfico de até 280 quilos de heroína e 100 quilos de cocaína provenientes da América do Sul, em especial da Colômbia, e também ligações com o cartel do Golfo mexicano.

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Foram documentadas movimentações de até 22,3 milhões de euros através de Brasil, Panamá, Colômbia, Equador, Bélgica e Holanda. Parte do dinheiro foi reinvestida na compra de automóveis e bens de luxo, e para criar e financiar atividades comerciais em França, Portugal e Alemanha, onde também foi lavado. Em toda a Europa, foram apreendidos 25 milhões de euros em ativos e imóveis.

Ligações internacionais

De acordo com um comunicado emitido pela Europol, as autoridades descobriram que a rede trabalhava em colaboração com o grupo colombiano de crime organizado Clã del Golfo e com um grupo criminoso de língua albanesa que atuava no Equador e em vários países europeus.

Além disso, os membros da máfia 'Ndrangheta estavam envolvidos no tráfico internacional de armas de fogo do Paquistão para a América do Sul, fornecendo armas ao grupo criminoso PCC (Primeiro Comando da Capital) em troca de carregamentos de cocaína.

Os investigadores descobriram o fluxo de dinheiro em um extenso esquema global de lavagem de dinheiro, com grandes investimentos na Bélgica, Alemanha, Itália, Portugal, Argentina, Uruguai e Brasil.

O grupo criminoso investia os lucros em imóveis, restaurantes, hotéis, supermercados e outras atividades comerciais.

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As autoridades policiais e judiciais dos diferentes países envolvidos colaboraram com a Eurojust, que criou e financiou duas equipes de investigação conjuntas e facilitou a transmissão e execução de mandados de investigação europeus.