Quito - Na divisão dos países da região a respeito do reconhecimento da eleição presidencial de Honduras diferença que também surgiu ontem na reunião da União de Nações Sul-Americanos (Unasul), em Quito , chama a atenção um silêncio eloquente: o do México.
O país diz não ter escolhido o seu bloco: o de alinhamento aos EUA, que inclui Peru, Colômbia, Panamá e Costa Rica, que reconhecerão a eleição "caso tudo corra bem; e a aliança de Brasil, Chile, Venezuela, Argentina, Bolívia, Nicarágua e Cuba, para a qual reconhecer a votação sob os golpistas é um péssimo precedente para as democracias em consolidação.
Na terça, a chanceler mexicana, Patricia Espinosa, disse que não se pronunciaria, pois faltavam "alguns dias para o pleito.
A hesitação do país já marca pontos para o bloco dos EUA, pois todos os chanceleres da região, à exceção do americano, reunidos na reunião preparatória da Calc (Cúpula América Latina e Caribe), que abriga o Grupo do Rio ampliado, já disseram que se oporiam à eleição.
O chanceler brasileiro Celso Amorim fez menção à decisão dos chanceleres da Calc ontem, em Quito, onde participou de reunião da Unasul. Disse não ser preciso falar sobre o tema, já que "América Latina e Caribe já haviam tomado posição.
Questionado pela reportagem sobre o México, disse: "Não ouvi o silêncio do México. O México é o presidente do Grupo do Rio, que tem uma posição muito clara sobre isso. Mas cada um faz o que quiser, lançou.
O México enfrenta ainda outro desconforto na questão. O país do conservador Felipe Calderón será o anfitrião da segunda Calc, em fevereiro a primeira foi na Bahia, em dezembro de 2008. Se resolver reconhecer o pleito, a chamada "OEA do B sofre sério revés.
Ontem, Amorim disse que a divisão "enfraquece a OEA (Organização dos Estados Americanos) e fortalece a Unasul. Mas a própria Unasul expõe racha: o chanceler do Peru, José Antonio García Belaúnde, reiterou que Lima reconhecerá a eleição "se tudo correr bem.
Enquanto isso, o presidente da Costa Rica, Oscar Árias, fez um apelo ontem pelo reconhecimento das eleições. Ex-mediador da crise, ele pregou que a "cordialidade prevaleça.
Embora sustentem que não reconhecer a eleição permitiria um perigoso precedente, diplomatas brasileiros admitem que a situação é de difícil solução.
O outro caso de silêncio digno de nota é de El Salvador, vizinho de Honduras. O esquerdista Mauricio Funes, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decidiu que ainda não era hora de se pronunciar.