Depois da cobrança política da União Europeia, o governo da Ucrânia sofreu críticas dos chanceleres da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, uma aliança militar ocidental) pela repressão aos protestos que tomaram as ruas da capital ucraniana, Kiev.
Reunidos em Bruxelas, os membros da Otan criticaram ontem a reação do governo de Viktor Yanukovich.
"Nós condenamos o uso excessivo da força contra manifestações pacíficas na Ucrânia", diz comunicado divulgado pela Otan, que reúne 28 países, entre eles Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido.
A atitude é simbólica porque pela primeira vez os americanos se manifestam sobre a situação em Kiev, agravada nos últimos dias por causa da pressão do governo russo para que Yanukovich recuasse de um acordo com a UE.
Desde o fim de semana, milhares de manifestantes, sob a liderança de políticos da oposição, foram às ruas pedir a renúncia do presidente, acusado de se aliar à Rússia contra o bloco europeu. Na segunda-feira, o presidente Vladimir Putin saiu em defesa do colega.
O grupo de chanceleres ressaltou que é preciso respeitar os "compromissos internacionais" e "defender a liberdade de expressão e de reunião" dos seus cidadãos.
Além do comunicado, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, declarou: "Violência não tem lugar num estado europeu".
Desculpa
Ainda ontem, o primeiro-ministro ucraniano, Mykola Azarov, pediu desculpas no Parlamento pelo comportamento das forças policiais.
A declaração foi dada durante sua defesa para derrubar uma moção de censura que a oposição tentou aprovar contra ele.
A moção só conseguiu o apoio de 186 dos 450 deputados, 40 a menos que o necessário para retirar o voto de confiança do premiê, o que poderia desestabilizar ainda mais Yanukovich.
Segundo Azarov, não é possível romper com o governo de Vladimir Putin por causa de contratos de gás assinados com os russos em 2009 pela ex-premiê Yulia Tymoshenko.
Identidades - Quem quer tirar Viktor Yanukovich da Presidência da Ucrânia?
Klitschko
Provavelmente o manifestante mais conhecido é Vitali Klitschko, ex-campeão de boxe que virou líder opositor. Ele comanda um movimento chamado Udar (soco) e planeja concorrer à Presidência em 2015.
Svoboda
Movimento considerado ultranacionalista e liderado por Oleh Tyahnybok.
Yatsenyuk
Um dos mais importantes manifestantes ucranianos é Arseniy Yatsenyuk, líder do segundo maior partido ucraniano, chamado Pátria. Ele é aliado de Yulia Tymoshenko, ex-premiê hoje na cadeia cumprindo pena por abuso de poder e principal rival política do presidente Yanukovich.
Tymoshenko
Reconhecida internacionalmente como símbolo da oposição ao atual presidente e virou causa célebre na Europa. Ela foi presa em 2011 acusada de uso indevido de poder em um acordo sobre gás com a Rússia em 2009. Políticos europeus aceitaram sua versão de que sua condenação a sete anos de prisão foi motivada politicamente.
Influência
Para analistas, a decisão do governo ucraniano de suspender a negociações pela entrada na União Europeia se deve diretamente à pressão da Rússia o governo russo adotou medidas como inspeções demoradas nas fronteiras e o banimento de doces ucranianos, além de ter ameaçado Kiev com várias outras medidas de impacto econômico.
Viagem
O presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, viajou ontem para a China, saindo do país em um momento de tensão, com manifestações nas ruas devido à decisão do governo de rejeitar o convite para entrar na União Europeia, decisão tomada sob pressão da Rússia.