Pacto
O novo acordo sobre as emissões de gases de efeito estufa deve ser firmado em 2015, na Organização das Nações Unidas, mas só entrará em vigor cinco anos mais tarde, em 2020.
A União Europeia e os Estados Unidos se opuseram ontem a uma proposta dos países em desenvolvimento para se medir a responsabilidade histórica de cada nação pelo aquecimento global.
O estudo guiaria o acordo das Nações Unidas previsto para ser fechado em 2015 sobre corte de gases do efeito estufa.
Os países ricos temem que qualquer estudo científico que culpe as nações desenvolvidas mais do que outras pelo problema, já que elas queimam combustíveis fósseis desde a Revolução Industrial, possa atrasar ainda mais as negociações sobre o tema nas Nações Unidas.
O Brasil ganhou o apoio de mais de cem países em desenvolvimento, durante reunião que acontece em Varsóvia até o dia 22 de novembro, para uma proposta de pedir que os especialistas das Nações Unidas investiguem a responsabilidade histórica de cada país na emissão dos gases do efeito estufa.
Um estudo como esse poderia guiar o novo pacto sobre o assunto, previsto para ser firmado em 2015 para entrar em vigor em 2020.
No entanto, ele também pode levar a impasses políticos e legais. "Responsabilidade", nesse caso, pode ser interpretado como o reconhecimento de um débito por ter causado mais secas, enchentes, entre outros.
"Não estamos encontrando uma resposta positiva dos países desenvolvidos, o que é muito surpreendente para nós", afirmou o líder da delegação brasileira, José Antonio Marcondes de Carvalho, à imprensa. "Por que eles estão rejeitando até conversar?"
A União Europeia, por sua vez, afirmou que tal estudo pode demorar muito e ter um foco muito limitado.
"Tememos que a proposta possa politizar o processo e nos fazer perder o limite de 2015 para o novo acordo", declarou Juergen Lefevere, líder da delegação do bloco. "A discussão deve ser sobre um conjunto muito maior de indicadores, e não somente o histórico de emissões."
Outros fatores, segundo ele, poderiam ser emissões atuais e futuras, projeção de crescimento econômico e populacional, capacidade e custo para o corte de emissões.
A China é hoje o principal emissor de gases do efeito estufa, à frente dos Estados Unidos, da União Europeia, da Índia e da Rússia. Pelo seu crescimento econômico, a China vai se juntar aos americanos e europeus como os que mais emitiram gases do efeito estufa desde 1850.