A Organização para a Libertação da Palestina vai enviar neste domingo (27), por meio de seu comitê executivo, uma carta para as chancelarias de Brasil e Equador. O texto, obtido com antecedência pela reportagem, é assinado pela legisladora Hanan Ashrawi.
A carta agradece, em nome da OLP e do presidente palestino Mahmoud Abbas, "a decisão que tomaram de consultar os seus embaixadores em Tel Aviv devido aos crimes que comete Israel".
O Brasil havia, na quarta-feira (23), convocado o embaixador Henrique Pinto para consultas sobre a morte de civis na faixa de Gaza. O país também emitiu uma nota condenando a ação militar israelense em Gaza.
O gesto brasileiro desencadeou uma ira diplomática em Israel. A chancelaria israelense afirmou oficialmente, à reportagem, que "o Brasil está escolhendo ser parte do problema, em vez de integrar a solução". Em seguida, repetiu críticas para outros veículos, dizendo que o país é um "anão diplomático".
A medida brasileira havia, porém, agradado o público palestino. Moradores de Gaza se aproximavam da reportagem, nas ruas, para agradecer o repúdio feito a Israel. Porta-vozes das facções palestinas Hamas e Fatah também demonstraram seu apreço.
"Seu país [...] enviou uma mensagem a muitos membros da comunidade internacional de que a responsabilidade de proteger um povo ocupado [...] vai além de simples declarações", diz a carta enviada pela OLP.
"Israel matou praticamente mil palestinos desde o começo de sua agressão a Gaza, a grande maioria deles civis, incluindo centenas de crianças, mulheres e anciãos. É a consequência de uma cultura de impunidade que a comunidade internacional garantiu a Israel", afirma.
Israel realiza em Gaza, desde o dia 8/7, uma ação militar chamada Margem Protetora, após o sequestro e morte de três jovens israelenses em junho. O embate destruiu a infraestrutura do estreito de terra, já sufocado por um bloqueio israelense, com o total controle da passagem aérea, marítima e terrestre.
Israel se defende, por outro lado, dos mais de 2.000 foguetes disparados pelo Hamas contra seu território, onde três civis foram mortos. Os embates com essa facção palestina já deixaram, também, 37 soldados mortos.
A OLP agradeceu ainda, no texto ao Itamaraty, o apoio brasileiro ao envio de uma comissão de investigação para as supostas violações ao direito internacional humanitário cometidas em Gaza.
"O povo palestino e as centenas de milhões de amigos ao redor do mundo nunca vão se esquecer do posicionamento dos países que decidiram estar no lado certo da história", termina a carta.
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