O palestino-brasileiro Islam Hamed, 30, está detido há uma semana pelas autoridades israelenses em Jerusalém sem acesso a advogado ou assistência consular. A informação foi apurada pela reportagem com pessoas próximas a esse caso. Não está clara qual é a razão da detenção, mas se especula que ela esteja relacionada a uma acusação anterior de que Hamed participou de um ataque contra colonos israelenses em 2010.
Hamed foi detido ao lado de outro palestino no dia 24 de outubro em um campo de refugiados na cidade de Jenin, situada na Cisjordânia. Em meio à onda de violência que tem afetado esta região nas últimas semanas, com diversos ataques terroristas contra israelenses, o governo de Israel vem detendo dezenas de palestinos.
Como Hamed é tratado como palestino pela Justiça israelense, e não como estrangeiro, ele está sujeito a duras medidas na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967. Hamed nasceu em Jerusalém. Sua mãe, Nadia Hamed, nasceu em Catanduva, interior de São Paulo, de família palestina. Ela migrou para a Cisjordânia aos 19 anos para aprender os costumes locais e se casar. Dos quatro filhos, apenas Islam e o irmão Bilal têm a cidadania brasileira.
A família vive de agricultura na região de Ramallah. Nádia também trabalha como costureira. A família apoia a facção palestina radical Hamas, que hoje controla a faixa de Gaza -razão pela qual dizem ser perseguidos por Israel e pela Autoridade Nacional Palestina. Nadia afirmou que soube da prisão do filho enquanto colhia azeitonas na propriedade da família. Ainda não teve acesso a ele. “Está assim, tudo proibido”, diz. “Nem o advogado conseguiu falar com ele.”
Prisões
Hamed passou a última década detido entre prisões israelenses e palestinas. Ele foi detido aos 17 anos por Israel, acusado de arremessar pedras e coquetéis molotov. Permaneceu preso por cinco anos e, depois de nove meses livre, foi detido mais uma vez pelo governo israelense. O jovem teve mais um curto período de soltura antes de ser novamente detido, dessa vez pela Autoridade Nacional Palestina, em 2010.
O governo palestino afirmava manter Hamed detido para protegê-lo de uma possível prisão pelas autoridades israelenses, que o acusavam de um ataque contra colonos. A família, porém, se dizia vítima de perseguição política por apoiar o Hamas.
Hamed passou cem dias em greve de fome e, após repetidos pedidos da representação diplomática brasileira em Ramallah, foi libertado em julho deste ano mediante a assinatura de um documento dizendo estar ciente dos riscos dessa soltura.
Desde então, o palestino-brasileiro estava foragido. A família afirmava não conhecer seu paradeiro. O plano, no meio-tempo, era de que o rapaz conseguisse um salvo-conduto para deixar a Cisjordânia e embarcar ao Brasil.
Ibrahim Alzeben, embaixador palestino no Brasil, afirmou que havia alertado Hamed sobre o risco de ser detido por Israel. “Ele corria perigo de ser perseguido, assassinado, detido.” Procurado pela reportagem, o Exército israelense não respondeu a pedidos por informações sobre o caso.
Congresso mantém queda de braço com STF e ameaça pacote do governo
Deputados contestam Lewandowski e lançam frente pela liberdade de expressão
Marcel van Hattem desafia: Polícia Federal não o prendeu por falta de coragem? Assista ao Sem Rodeios
Moraes proíbe entrega de dados de prontuários de aborto ao Cremesp