O presidente palestino, Mahmud Abbas, apresentou esta sexta-feira o pedido histórico de adesão de um Estado da Palestina à ONU com base nas fronteiras de 1967, levando a comunidade internacional a pedir novas negociações de paz com Israel.
Em um discurso muito aplaudido na Assembleia Geral, Abbas afirmou ter apresentado pouco antes ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, o pedido de adesão de um Estado como membro pleno da organização "com base nas fronteiras de 4 de junho de 1967, tendo Jerusalém Oriental como capital". Ao exibir o documento, o presidente recebeu uma grande aclamação.
Abbas apresentou este pedido, que foi entregue ao Conselho de Segurança para análise, mais de 60 anos após o plano de partilha da Palestina na ONU.
O Conselho se reunirá na segunda-feira à tarde para uma primeira sessão de consultas sobre este caso, anunciou o embaixador do Líbano, Nawaf Salam, que preside a instância em setembro.
Estamos "preparados para voltar imediatamente às negociações com base nas referências fundamentadas no direito internacional e em uma suspensão total da colonização", disse Abbas, referindo-se principalmente às fronteiras de 1967.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que discursou pouco depois na Assembleia Geral, rejeitou a iniciativa, afirmando: "a verdade é que não podemos chegar à paz por meio de resoluções da ONU, mas por negociações".
"A verdade é que, até agora, os palestinos se recusaram a negociar," acusou. "A base do conflito sempre foi e continua sendo a rejeição dos Palestinos de reconhecer o Estado judeu".
Abbas assegurou que os palestinos "não buscarão isolar nem deslegitimar Israel", mas sim a ocupação e a colonização.
Ele acusou o governo israelense de ter "solapado todos os esforços de paz" no último ano e afirmou que a colonização israelense "está destruindo uma solução de dois Estados".
Ele foi aplaudido por vários delegados, principalmente quando citou o discurso de seu antecessor, o líder palestino histórico Yasser Arafat, que na mesma tribuna lançou o apelo, em 1974: "Não deixem o ramo de oliveira cair de minha mão".
"As regras do jogo mudaram completamente hoje", avaliou Majdi al-Khaldi, conselheiro diplomático de Abbas.
Menos de quatro horas após esse discurso, o Quarteto para o Oriente Médio (Estados Unidos, Rússia, UE, ONU) propôs uma retomada das negociações de paz com o objetivo de alcançar um acordo até o final de 2012. Segundo a declaração, as duas partes se reuniriam uma primeira vez em um mês para estabelecer "um calendário e um método de negociações", uma exigência reiterada por autoridades palestinas.
Um compromisso de alcançar um acordo definitivo no final de 2012 "no mais tardar" seria adotado durante esta mesma reunião "preparatória", segundo o texto.
O Quarteto pede às partes que apresentem "propostas completas em três meses sobre a segurança e o território (a questão das fronteiras), e que façam progressos substanciais em seis meses".
O negociador palestino Saeb Erakat apelou a Israel que aceite a oferta do Quarteto para o Oriente Médio visando a retomada das negociações de paz, e insistiu no congelamento da colonização dos territórios palestinos.
"Estamos preparados para assumir nossas responsabilidades com base no Mapa da Paz e no direito internacional", destacou Erakat, que espera que Israel "aproveite a oportunidade oferecida pelo Quarteto".
Um alto responsável israelense revelou que "estamos estudando a declaração" do Quarteto.
Uma conferência internacional será realizada em Moscou para avaliar o avanço das negociações "no momento que convir".
Israel e Estados Unidos se opõem categoricamente à iniciativa de Abbas, afirmando que um Estado palestino pode ser apenas o resultado de um acordo de paz. O governo americano advertiu que imporá seu veto ao Conselho de Segurança se necessário.
"Queremos que esta proposta seja estudada quando possível. Não estamos aqui para blefar, nem apostar", alertou outro negociador palestino, Mohammad Chtayyeh.
Os palestinos precisam obter os 9 votos necessários dos 15 integrantes do Conselho para validar uma demanda de adesão, o que forçaria Washington a recorrer ao veto.
Esse voto deve ser realizado em algumas semanas, mas os palestinos se disseram preparados para esperar que o Conselho aja antes de estudar alternativas.
Dezenas de milhares de palestinos comemoraram o pedido de adesão nas grandes cidades da Cisjordânia.
Um palestino foi morto e três ficaram feridos nesta sexta-feira na Cisjordânia atingidos por tiros disparados pelo Exército israelense durante confrontos entre palestinos e colonos israelenses.
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