Palestinos fazem manifestação em apoio do presidente Mahmoud Abbas, em Ramallah, na Cisjordânia| Foto: Mohamad Torokman/Reuters

Europa

Alemanha destoa de vizinhos e votará contra

Agência Estado

A Espanha, Noruega e Suíça anunciaram ontem que votarão a favor do reconhecimento do Estado da Palestina na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a ser realizada amanhã. No entanto, o porta-voz do governo da Alemanha, Steffen Seibert, afirmou que o país não seguirá o mesmo caminho e votará contra o pedido palestino.

"Nós queremos votar o mais próximo possível dos nossos parceiros europeus. No entanto, também é certo que a Alemanha não aceitará essa resolução", disse Seibert.

Na terça-feira, a França se tornou o primeiro país europeu a se manifestar a favor do reconhecimento da Palestina.

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Exatos 65 anos após a votação nas Nações Unidas que determinou a partilha da Palestina e levou à fundação de Israel, os palestinos vão hoje à organização em busca de reconhecimento que também conduza à independência.

Os palestinos pedirão à Assembleia Geral da ONU que eleve o status de sua representação atual, de entidade observadora para Estado observador não membro.

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Fortemente contrário à iniciativa palestina, mas ciente de que ela deve ser aprovada com grande maioria, o governo de Israel tenta "reduzir os danos", disse o porta-voz do Ministério do Exterior, Yigal Palmor.

Ele confirmou que Israel articula com os EUA a adição de elementos no texto a ser votado na ONU para evitar problemas futuros. Entre eles, o compromisso dos palestinos de que não recorrerão ao Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, contra Israel.

Além disso, o governo israelense quer que a resolução deixe claro que o conflito só poderá ser resolvido por meio de negociações.

O novo status não significa o reconhecimento do Estado palestino. Pelo Direito Internacional, o reconhecimento de Estados não se dá na ONU, mas por outros países. Ainda assim, é uma vitória da diplomacia palestina.

Desde a entrada na ONU, em 1974, os palestinos são representados pela Organização para Libertação da Palestina (OLP), que tinha o status de entidade observadora. Agora, devem ser elevados a Estado observador.

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É menos do que foi tentado no ano passado, quando a proposta de que a Palestina fosse aceita como membro pleno da ONU foi vetada no Conselho de Segurança.

O status de Estado observador, semelhante ao do Vaticano, não garante direito a voto. Mas a liderança palestina conta com ele para poder se filiar a agências multilaterais, ampliar a ação diplomática e fortalecer sua posição internacional diante de Israel.

Placar

O suspense nas últimas horas, além do texto da resolução, foi saber quantos países acompanharão EUA no minúsculo grupo que vota não.

A expectativa é que a resolução seja aprovada com entre 150 e 170 votos dos 193 da Assembleia Geral.

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Longa disputa

Conflito entre Israel e Palestina dura mais de meio século:

1947 – A Assembleia Geral da ONU determina a criação de dois Estados, um judeu e outro árabe, no protetorado britânico da Palestina. Os judeus aceitam a decisão e fundam o Estado de Israel; os árabes a rejeitam e declaram guerra a Israel.

1949 – Israel é aceito como membro da ONU.

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1967 – Após a Guerra dos Seis Dias, ONU aprova uma resolução consagrando o conceito de "paz por terra": Israel deveria se retirar dos territórios ocupados na guerra (a Faixa de Gaza e a Cisjordânia) em troca da paz no Oriente Médio.

1974 – Yasser Arafat se torna o primeiro representante de uma entidade que não seja um Estado membro a discursar na Assembleia Geral da ONU.

1975 – A Organização para a Libertação da Palestina ganha o status de entidade observadora permanente nas Nações Unidas.

1998 – A Palestina ganha direitos adicionais na ONU, como o de discursar na abertura da Assembleia Geral e o de copatrocinar resoluções.

2011 – Mahmoud Abbas faz campanha para que a Palestina seja reconhecida como Estado pelo Conselho de Segurança, mas desiste da iniciativa por não ter como driblar o veto dos EUA.

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2012 – Palestina busca reconhecimento da Assembleia Geral como Estado observador, status análogo ao do Vaticano.