Líder do Hamas, Khaled Meshaal (dir) conversa com o presidente palestino, Mahmoud Abbas (esq), durante reunião no Cairo| Foto: Reuters

Líderes palestinos encerraram formalmente nesta quarta-feira, em uma cerimônia no Egito, uma divisão de quatro anos entre o secular Fatah e o islâmico Hamas, numa reconciliação que consideram ser crucial para seu esforço pela criação de um Estado palestino independente.

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Israel, que em 1967 capturou os territórios nos quais os palestinos querem criar seu Estado -- a Cisjordânia e a Faixa de Gaza -- criticou o acordo, dizendo que desfere um golpe contra as perspectivas de paz na região.

"Anunciamos aos palestinos que estamos virando para sempre a página negra da divisão", disse em seu discurso de abertura o presidente palestino Mahmoud Abbas, líder do Fatah.

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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em visita a Londres, declarou: "O que aconteceu hoje no Cairo representa um golpe tremendo contra a paz e uma grande vitória do terrorismo".

O Hamas, cuja carta fundadora pede a destruição de Israel, tomou a Faixa de Gaza das forças do Fatah em 2007, em uma breve guerra civil palestina. O grupo se opõe à busca empreendida por Abbas por uma paz negociada com Israel.

No que pareceu ser sinal de atritos ainda remanescentes, o líder do Hamas, Khaled Meshaal, não dividiu o pódio com Abbas, e a cerimônia sofreu um leve atraso enquanto era decidido onde ele se sentaria. Contrariando as expectativas, nenhum dos dois assinou o documento de união.

Líderes do Hamas terão um encontro com Abbas na próxima semana, possivelmente no Cairo, para iniciar os trabalhos de implementação do acordo, disse o vice-líder do Hamas, Moussa Abu Marzouk, após a cerimônia.

No discurso que fez na cerimônia, Meshaal disse que o Hamas quer um Estado palestino na Cisjordânia e Faixa de Gaza que não tenha colonos israelenses e sem "abrir mão de um centímetro sequer de terra", nem do direito de retorno dos refugiados palestinos.

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Israel retirou soldados e colonos da Faixa de Gaza em 2005, mas continua a construir nos assentamentos israelenses na Cisjordânia, território muito maior que a Faixa de Gaza.

O Hamas já declarou no passado que aceitaria como solução interina um Estado criado sobre todos os territórios capturados por Israel na guerra de 1967 no Oriente Médio, além de um cessar-fogo de longo prazo.

"ESTADO DA PALESTINA"

O acordo de união prevê a formação de um governo interino para administrar a Cisjordânia, onde Abbas tem sua base, e a Faixa de Gaza, e para preparar eleições parlamentares e presidenciais, já atrasadas, em prazo de até um ano.

Em seu discurso, Abbas reiterou seu chamado pela suspensão das construções nos assentamentos judaicos como condição prévia para a retomada das negociações de paz com Israel que começaram em setembro, mas foram paralisadas em questão de semanas depois de Israel ter se recusado a estender uma moratória limitada das construções nos assentamentos.

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"O Estado da Palestina precisa nascer este ano", disse Abbas.

Na ausência de negociações de paz, a expectativa ampla é que Abbas peça em setembro à Assembleia Geral da ONU que reconheça um Estado palestino em toda a Cisjordânia e Faixa de Gaza. Israel e os Estados Unidos se opõem a tal iniciativa unilateral.

Os palestinos vêem a reconciliação entre eles como passo essencial para apresentarem uma frente comum diante das Nações Unidas, além de reflexo de um desejo público profundo de encerrar as disputas internas, em meio às revoltas populares que vêm varrendo o mundo árabe.

Mas o acordo cria potenciais problemas diplomáticos para a Autoridade Palestina, comandada por Abbas e dependente de ajuda externa. Boa parte do Ocidente repudia o Hamas devido a sua recusa em reconhecer Israel, renunciar à violência e aceitar acordos de paz interinos israelo-palestinos.

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