Meca Os partidos rivais Hamas e Fatah (ambos com braço armado) assinaram ontem um acordo para a formação de um governo de coalizão, que também prevê o respeito do acordo de paz com Israel.
A iniciativa pode pôr fim à crise iniciada há um ano, quando os Hamas venceu as eleições palestinas e assumiu o controle do Parlamento. "Superamos todas as diferenças, disse Mohammed Nazzal, do Hamas.
O acordo firmado verbalmente e posteriormente assinado durante encontro a portas fechadas entre o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas (do Fatah), e o premiê palestino, Ismail Haniyeh (Hamas), em Meca (Arábia Saudita), desperta a questão sobre se estados Unidos e Israel aceitarão a idéia.
Ambos impõem que o Hamas reconheça publicamente o Estado de Israel e renuncie à violência. Caso isso não seja feito, dificilmente Washington e Jerusalém levantarão o boicote financeiro internacional contra o governo palestino.
Membros do Hamas disseram (em condição de anonimato) que detalhes do acordo seriam divulgados ainda ontem, inclusive o esboço de uma cláusula que implica a nova plataforma de governo e cujo conteúdo prevê que os grupos radicais, inclusive o Hamas, respeitarão o acordo de paz com Israel.
Segundo as mesmas fontes, o documento também tem como base discussões realizadas no ano passado entre ativistas do Hamas e do Fatah detidos em prisões israelenses, que pede a criação de um Estado palestino com território na Cisjordânia, Gaza e e leste de Jerusalém, áreas tomadas por Israel na guerra de 1967. Israel se retirou de Gaza em agosto de 2005.
Se o Hamas realmente levar a cabo um governo de coalizão que assuma essas cláusulas, isso significaria o compromisso mais concreto já fixado para a criação de dois Estados.
Logo após o anúncio do acordo, o governo de Israel afirmou que o novo governo palestino deve renunciar à violência, reconhecer Israel e aceitar acordos de paz anteriores.
O Hamas, no entanto, já anunciou que adotar o acordo não implica em reconhecer o Estado de Israel.