Com raras exceções, o clima nos territórios palestinos não é de festa com a notícia de que Ariel Sharon sofreu está entre a vida e a morte. Mas a reação palestina a saída do o primeiro-ministro de Israel da cena política também não foi das mais clementes.
- Não há dúvida de que o mapa político sionista vai mudar depois da morte dele, mas toda a região ficará melhor com ele ausente do que presente - disse o porta-voz do grupo radical palestino Hamas, Mushir al-Masri. - Sharon foi aquele que realizou massacres e terrorismo por décadas contra nosso povo.
- Nós dizemos francamente que Alá é grande e capaz de exercer vingança contra esse açougueiro - disse o líder do pequeno grupo Frente Popular de Libertação da Palestina - Comando Geral, Ahmed Jibril. - Agradecemos a Deus por ter nos presenteado nesse ano novo.
No campo de refugiados de Rafah, jovens distribuíram flores e doces para celebrar. Na pequena manifestação, crianças carregavam cartazes com mensagens como "Sharon, vá para o inferno" e "Morte a Sharon" e "Morra, Sharon, assassino de nossas crianças".
A retirada de Sharon da cena pública ocorre pouco mais de um ano depois da morte de Yasser Arafar, com que o premier israelense se recusava a negociar. Com seu sucessor, Mahmoud Abbas, Sharon pelo menos encontrou-se - ainda que sem avanços significativos - e, em setembro, realizou, unilateralmente, a retirada das tropas israelense da Faixa de Gaza após 38 anos de ocupação.
- Estamos acompanhando a situação de muito, muito perto. Cada opção para os palestinos é afetada - avaliou o negociador-chefe da Autoridade Palestina, Saeb Erekat. - Não estou dizendo que tínhamos um processo de paz bom com o senhor Sharon, nós nem tínhamos contato. O senhor Sharon não entrou num processo de paz conosco, ele tomou medidas unilaterais. Mas isso poderia se deteriorar ainda mais.
O gabinete palestino discutiu o estado de saúde de Sharon durante uma reunião nesta quinta-feira. A reação oficial foi polida, mas nem de longe calorosa.
- Primeiro, não há dúvida de que os israelenses vão sentir falta de Sharon, como líder e tomador de decisões - disse o primeiro-ministro Ahmed Qorei. - Para nós, palestinos, esperamos, primeiro, que ele se recupere e, segundo, ansiamos todo o tempo por um líder em Israel que seja a favor da paz, pronto a sentar com os palestinos e começar negociações muito sérias e confiáveis.
O momento é muita confusão nos territórios palestinos. Há caos e violência desde a retirada de israelense da Faixa de Gaza. Neste mês, os palestinos vão às urnas eleger um novo parlamento. O Hamas, o mais ativo grupo armado por trás do levante palestino e dos atentados contra Israel, entra nessa corrida pela primeira vez. As chances de prevalecer sobre o partido do premier Mahmoud Abbas, a Fatah, são grandes. Há pressões pelo adiamento das eleições e, nesta quinta-feira, a Comissão Palestina de Eleições pediu demissão coletivamente, em protesto contra o que chamou de interferência do governo. A decisão pode ser revertida ou forçar definitivamente o adiamento do processo.
Já do lado israelense, o fim da era Sharon, neste momento, tende a fortalecer o Likud, o partido conservador que ele deixou no fim do ano passado, após uma rebelião interna contra a retirada de Gaza.
Assim, o que se pode ver no futuro é o Hamas - pelo menos fortalecido - de um lado e o ex-premier Benjamin Netanyahu, o novo e conservador líder do Likud, do outro. A combinação é potencialmente explosiva.
- Por motivos puramente humanitários, sinto pena do senhor Sharon. Politicamente, isso vai aumentar a incerteza que enfrentamos para voltar ao processo de paz e talvez essa incerteza continue depois das eleições israelenses em março - disse o político palestino Nabil Shaath. - O senhor Sharon vez alguns progressos mínimos, mas ele nunca acreditou no processo de paz.
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