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Policiais israelenses viagiam Jerusalém ás vésperas do discurso de Abbas e Netanyahu na ONU | REUTERS/Ronen Zvulun
Policiais israelenses viagiam Jerusalém ás vésperas do discurso de Abbas e Netanyahu na ONU| Foto: REUTERS/Ronen Zvulun

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, pedirá nesta sexta-feira à Organização das Nações Unidas (ONU) que reconheça a independência do seu povo, embora Israel ainda ocupe a maior parte do seu território, e os Estados Unidos tenham prometido vetar a medida.

No que talvez ele veja como um encontro com o destino, Abbas, de 76 anos, irá requerer formalmente a adesão à ONU ao secretário-geral Ban Ki-moon. O pedido, então, será encaminhado para o Conselho de Segurança da ONU.

Abbas defenderá a proposta em discurso à Assembleia-Geral da ONU, onde o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também subirá à tribuna para argumentar que apenas negociações diretas entre ambas as partes poderão levar a um Estado palestino.

Em discurso na quarta-feira, o presidente dos EUA, Barack Obama, já havia passado um recado semelhante, ao dizer que "não há atalho para o final de um conflito que já dura décadas".

Os palestinos dizem que decidiram recorrer à ONU por não verem perspectiva de retomada do processo de paz com Israel, que, a despeito da pressão internacional, recusa-se a congelar a expansão dos seus assentamentos em território ocupado -- algo que os palestinos veem como uma pré-condição.

Como retaliação à solicitação unilateral de reconhecimento, políticos de Israel e dos EUA sugerem represálias financeiras que inviabilizariam o funcionamento da Autoridade Palestina.

Um assessor de Abbas disse que, caso isso ocorra, a Autoridade Palestina poderia se dissolver, forçando o governo de Netanyahu a reassumir a responsabilidade sobre toda a Cisjordânia - um grande ônus demográfico e de segurança para Israel.

"Vamos convidá-los a se tornarem a única autoridade do rio Jordão ao Mediterrâneo", disse o veterano negociador Saeb Erekat à Rádio Israel.

A ONU estabeleceu em 1947 que a Palestina, então um protetorado britânico, deveria ser dividida entre um Estado judeu e um Estado árabe. Mas os governos árabes imediatamente rejeitaram a decisão e declararam guerra ao recém-criado Estado de Israel, que então capturou territórios além daquilo que previa a partilha da ONU, fazendo com que centenas de milhares de palestinos se tornassem refugiados.

Numa guerra posterior, em 1967, Israel ampliou-se ainda mais, capturando vários territórios vizinhos, inclusive a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental - territórios hoje reivindicados pelos palestinos para a criação do seu Estado. Israel já desocupou a Faixa de Gaza, hoje sob controle do grupo islâmico Hamas, mas diz que nunca irá abrir mão do lado leste de Jerusalém.

A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, disse que os EUA vão continuar trabalhando por uma paz que seja negociada e durável.

"A despeito do que ocorrer amanhã (sexta) na ONU, continuamos focados no dia seguinte", disse ela na quinta-feira.

Abbas, cuja popularidade cresceu desde que ele decidiu pleitear a adesão à ONU, admite que é preciso negociar com Israel, mas argumenta que o reconhecimento do Estado deixará os palestinos em maior pé de igualdade.

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