Três palestinos foram mortos a tiros por um israelense nesta quarta-feira nas proximidades de um assentamento judaico no norte da Cisjordânia, horas depois do início da retirada forçada de milhares de colonos e oponentes do plano de desocupação da Faixa de Gaza e de um setor cisjordano, que desafiaram o prazo de retirada voluntária vencido à meia-noite.
O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, chamou de "terror judeu" o ataque cometido pelo colono israelense, que tomou a arma de um guarda de segurança e atirou contra um grupo de trabalhadores palestinos que estavam perto de Shiloh, que não é um dos quatro assentamentos judaicos da Cisjordânia que estão sendo esvaziados pelas forças de Israel. O homem, que reside no vizinho assentamento de Shvut Rahel, foi preso.
A reação à desocupação levou centenas de opositores a bloquearem nesta quarta-feira uma estrada que segue aos principais assentamentos judaicos na região. O grupo, em sua maioria composto por jovens, deixou o ultra-nacionalista assentamento de Kfar Darom e assumiu o controle da ponte na Passagem de Kissufim, que dá acesso ao bloco de colônias de Gush Katif.
A desocupação se torna mais dramática à medida que as tropas começam a enfrentar os defensores mais ferrenhos da manutenção dos assentamentos. Pelo menos 19 pessoas ficaram feridas na Faixa de Gaza ao longo do terceiro dia da retirada.Treze dos feridos nos choques para forçar a retirada são soldados do Exército e agentes da polícia, que estão trabalhando desarmados. Cinco são civis e um outro é um turista não identificado.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) informaram nesta quarta-feira que mil famílias que residiam na Faixa de Gaza já deixaram os assentamentos, informou o jornal "Jerusalem Post". O vice-chefe das IDF, Moshe Kaplinsky, disse esperar que até o início da próxima semana não haja mais israelenses na região, o que superaria as melhores previsões do governo.
Em outro incidente na Cisjordânia, uma mulher ateou fogo ao próprio corpo em protesto contra a retirada. Ele teve 60% da superfície do corpo queimados. Segundo a porta-voz da polícia Avi Zeiba, a mulher, de 60 anos, vivia numa colônia. Ela foi hospitalizada.
Na parte mais delicada da missão, soldados estão se vendo obrigados a invadir sinagogas para expulsar colonos e opositores da medida. Ocupantes foram obrigados a deixar templos nos assentamentos de Bedolah, Tel Katifa e Morag e levados para ônibus.
No assentamento de Morag, uma integrante do Exército foi ferida com uma agulha intre-venosa por uma mulher que se infiltrara no assentamento. As duas haviam discutido. A soldado ficou levemente ferida e a agressora foi presa.
Logo após o incidente, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, elogiou a atuação dos soldados e se disse o responsável último pela retirada, tentando isentar as tropas da ira dos colonos.
- Eu realmente quero apelar a todos para que não ataquem a polícia, os soldados, homens e mulheres. Não os culpem. Não tornem isso mais difícil para eles. Não os machuquem, machuquem a mim - disse o premier.
A desocupação forçada começou na manhã desta quarta-feira, quando centenas de soldados desarmados entraram a pé em quatro dos 21 assentamentos de Gaza, enfrentando pequenos grupos de manifestantes que queimaram montanhas de lixo logo depois da meia-noite de terça-feira (18h de Brasília).
No maior enclave, Neveh Dekalim, onde centenas de jovens ultranacionalistas, que se infiltraram na comunidade, refugiaram-se numa sinagoga para um último ato de resistência, o Exército, sob forte pressão psicológica, tentou demonstrar determinação:
- Estamos aqui para desocupar. Não iremos embora até que esteja vazio - disse o general Dan Harel, chefe do comando sul do Exército israelense, a jornalistas em Neveh Dekalim, enquanto os soldados começaram a ir de casa em casa para dizer aos colonos para que se retirassem.
Os colonos haviam recebido as ordens de despejo na segunda-feira. Muitos empacotaram seus pertences e se uniram antes de quarta-feira ao êxodo que, disse Israel, marcará o fim de 38 anos de ocupação de Gaza.
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