Jerusalém – Os palestinos terão mais um Natal sombrio Neste ano, visto que sua terra ainda está sob ocupação e suas vidas, ameaçadas por uma violência mortal, disse o patriarca latino de Jerusalém. "Belém é destinada a ser a cidade da paz", disse o arcebispo Michel Sabbah em sua mensagem de Natal, referindo-se à terra natal de Jesus, situada na Cisjordânia ocupada, apenas alguns poucos quilômetros distante de Jerusalém. "Infelizmente, agora é justamente o contrário: uma cidade de conflito e morte", lamentou.

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"Novamente neste ano, o Natal chega a Belém em meio às mesmas circunstâncias de morte e frustração, com o muro e os postos de controle no terreno e nos corações", acrescentou. Ele se referiu à barreira construída por Israel para separar seu território da Cisjordânia, cujos muros de cimento cortam a área rural na periferia de Belém.

Sabbah, que lidera os católicos na Terra Santa, na Jordânia e em Chipre, disse que o muro é um símbolo trágico para as duas comunidades. "A ocupação e a privação da liberdade de um lado, e medo e insegurança do outro, continuam como antes", declarou. "O medo do futuro engoliu toda a região – Iraque, Líbano, Síria, Egito e Jordânia. Para todos, o futuro está em risco. Neste contexto, o terrorismo mundial se alimenta de todas as feridas abertas", acrescentou.

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Ele fez alusão aos confrontos mortais entre facções palestinas rivais em Gaza, onde 13 pessoas morreram desde sábado, quando o presidente Mahmud Abbas anunciou planos de eleições antecipadas que foram rejeitados pelo movimento Hamas, no poder. "Gaza continua uma grande prisão, um lugar de morte e de discórdia interna entre palestinos. Até crianças foram mortas", afirmou. "E todos, inclusive a comunidade internacional, continuam impotentes para encontrar o caminho certo para a paz e a Justiça", acrescentou Sabbah. Ele afirmou que a "mensagem de Natal deve ser de vida, paz e Justiça" e pediu esforços renovados para alcançar estes objetivos. "Todas as pessoas, até mesmo soldados e líderes políticos, têm a capacidade de apreciar o amor, a salvação e a vida. Mas para que isto aconteça, precisa haver uma conversão, uma conversão de morte para vida, de ver o outro como inimigo e assassino a vê-lo como irmão e doador de vida", acrescentou.

Ele destacou que a "salvação virá com a união dos dois povos e não com sua separação. Nisto consiste a salvação dos palestinos e dos israelenses, bem como de toda a região".

"Os dois povos são capazes de viverem juntos em paz e tranqüilidade. Quando isto ocorrer, assassinatos, vinganças, rejeição e extremismo desaparecerão aos poucos, à medida que eles progressivamente pararem de alimentar a opressão, a ocupação a pobreza e a humilhação", concluiu.