Os palestinos pleitearão sua adesão plena ao máximo de órgãos da ONU que conseguirem, como parte de uma iniciativa para promover seus interesses nacionais, segundo uma autoridade.
O plano deve provocar mais críticas por parte dos EUA, que já anunciaram a intenção de vetar o pedido palestino do mês passado para se tornar membro pleno da Organização das Nações Unidas.
Omar Awadallah, encarregado de contatos com a ONU na chancelaria da Autoridade Palestina, disse que há dois anos os palestinos preparam o pedido de adesão a órgãos ligados às Nações Unidas.
"Nossa política agora está voltada para obter adesão a todas as organizações internacionais e às organizações especializadas das Nações Unidas, como membro pleno", disse o funcionário à Reuters. "Não buscamos confronto, buscamos assegurar nossos direitos."
Os EUA e Israel criticam essa postura palestina, argumentando que o reconhecimento do seu Estado deve ocorrer por meio de negociações diretas com os israelenses, e não com um pedido unilateral de adesão à ONU.
Depois de solicitar em 23 de setembro a adesão plena à ONU, os palestinos pediram na semana passada a participação na Unesco, agência da ONU para a cultura, com sede em Paris. O conselho diretor da entidade decidiu levar o pedido a votação na sua assembleia geral ainda neste mês.
Mesmo que os EUA usem seu poder de veto no Conselho de Segurança para impedir a adesão plena à ONU, os palestinos poderão conseguir a aceitação em algumas agências do organismo internacional, valendo-se do seu atual status de "entidade observadora".
Isso inclui a Unesco, a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Interpol (polícia internacional) e a União Internacional de Telecomunicações.
No passado, a pressão dos EUA conseguia dissuadir os palestinos de pleitearem adesão plena a esses órgãos, mas o pedido de filiação à Unesco, assim como a solicitação feita à ONU, indica que agora os palestinos estão mais dispostos a se contraporem a Washington.
"Não há justificativa para rejeitar a adesão da Palestina a nenhuma dessas instituições internacionais. É um caso de padrões ambíguos", disse Awadallah. "Isso confirma uma coisa: a América (EUA) como patrocinadora do processo de paz não é neutra."
Uma lei dos EUA prevê que a aceitação palestina na Unesco provocaria automaticamente o corte das verbas norte-americanas para a agência.
Mas a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, disse ter argumentado nesta semana com parlamentares que Washington precisaria ter flexibilidade para decidir sobre cortar ou não as verbas a essas agências caso elas admitam os palestinos.
Ela salientou os problemas que poderiam resultar do corte da contribuição financeira dos EUA para agências como a OMS, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e a Organização para Alimentação e Agricultura (FAO).