Crimes de guerra
ONU quer investigação
Genebra - O relator da Organização das Nações Unidas (ONU) para os territórios palestinos disse ontem que uma investigação independente precisa descobrir se Israel cometeu crimes de guerra durante a ofensiva contra a Faixa de Gaza.
Richard Falk, especialista em direitos humanos da ONU, disse que existem provas suficientes que indicam que Israel quebrou regras humanitárias básicas e as leis da guerra ao conduzir uma operação militar em larga escala "contra uma população, que, essencialmente, é indefesa".
"Precisa ocorrer uma investigação conduzida por elementos independentes para garantir que essas graves violações à Convenção de Genebra sejam tratadas como crimes de guerra", disse Falk.
O Estado de Israel respondeu e disse que o professor Falk é, conhecidamente, contra Israel. "Ele mesmo se desqualifica e não é o que deveria ser um profissional neutro e isento", disse o embaixador israelense Aharon Leshno-Yaar. Falk é um professor universitário norte-americano de Direito aposentado, com 78 anos, que trabalha sem receber salário para a ONU.
Agência Estado
Rafah - Quatro dias depois de Israel cessar os intensos bombardeios na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, contrabandistas voltaram a operar túneis na região, para burlar o bloqueio ao território palestino controlado pelo Hamas.
Repórteres que tiveram acesso aos dutos na cidade de Rafah narraram o transporte clandestino de alimentos, combustíveis e outros bens. Segundo esses relatos, o Hamas e outros grupos islâmicos têm sua própria rede subterrânea. Como a imprensa não teve acesso a ela, é incerto se ela voltou a ser usada.
Contudo, a constatação de que as passagens empregadas para transporte de produtos civis continuam operacionais ilustra a dificuldade de Israel em atingir um dos objetivos de sua ofensiva na Faixa de Gaza: impedir o Hamas de transportar armas pela porosa fronteira entre o território e o Egito.
Os militares afirmaram ter destruído entre 60% e 70% dos túneis antes de Israel declarar o cessar-fogo. Mas contrabandistas de Rafah relataram que a destruição deve ser ainda mais alta. E dizem que a dificuldade de abastecimento multiplicou por dez os preços dos itens contrabandeados.
"Eu diria que apenas 1 a cada 10 túneis está intacto, disse Abu Rahman, "gerente de túnel. Ele comandava ontem dez pessoas que, com pás, trabalhavam para que a sua via, danificada por Israel, volte a funcionar nos próximos dias.
Rahman e seus colegas estimam que havia cerca de mil passagens subterrâneas clandestinas antes da ofensiva, a maioria cavada após Israel articular um bloqueio isolando a Faixa de Gaza do mundo, em junho de 2007.
A chanceler Tzipi Livni voltou a tratar dos túneis. "Se precisarmos de operações militares adicionais para combater o contrabando, será feito. Israel se reserva o direito de agir contra o contrabando e ponto final, afirmou ela. A ONU também se manifestou sobre a ofensiva. John Holmes, chefe do setor humanitário da entidade, esteve na Cidade de Gaza, onde sugeriu pedir ressarcimento a Israel pelos bens das Nações Unidas danificados e qualificou como "extremamente chocante o número de baixas palestinas.
Vítimas
Fontes médicas de Gaza atualizaram o saldo de vítimas da guerra: 1.330 mortos (sendo 437 menores de 16 anos, 110 mulheres adultas e 123 idosos) e 5.450 feridos.
Já o Hamas anunciou que a partir de domingo repassará até 4.000 euros a famílias com residência atingidas por Israel. Segundo seu porta-voz, o grupo tem orçamento de 28,6 milhões de euros (cerca de R$ 86,3 milhões) com tal finalidade.
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