Nova Iorque Os países latino-americanos e caribenhos devem aprovar o Panamá como candidato de consenso ao Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU), superando assim o impasse entre Venezuela e Guatemala. Os dois países decidiram na quarta-feira retirar suas candidaturas, após 47 turnos de votações inconcludentes. Está em jogo a cadeira rotativa deixada pela Argentina, pelos próximos dois anos.
A decisão final do bloco latino-americano ainda depende de alguns dos 35 embaixadores, que devem se posicionar hoje depois de receberem a aprovação das suas capitais. A Assembléia Geral, com 192 países, elegerá então o Panamá na terça-feira.
O Brasil confirmou ontem apoio ao Panamá. O Ministério das Relações Exteriores divulgou ter recebido "com grande satisfação" o acordo da Guatemala e da Venezuela para retirar suas candidaturas a uma vaga no Conselho de Segurança e promover um consenso em favor da liderança panamenha.
Os EUA fizeram campanha ostensiva pela Guatemala, contra o governo esquerdista da Venezuela. Comentando a escolha do Panamá, o embaixador norte-americano da ONU, John Bolton, disse que "a derrota da Venezuela certamente cumpre o nosso principal objetivo".
Analistas dizem que a Venezuela perdeu muitos votos devido a um discurso na Assembléia Geral em que Chávez chamou o norte-americano George W. Bush de "diabo". Bolton disse que muitos países viram no discurso um sinal de como a Venezuela "se comportaria no Conselho". "Foi um podocídio dar um tiro no pé", acrescentou Bolton, aparentemente cunhando um neologismo.
O chanceler da Guatemala, Gert Rosenthal, disse que o Panamá foi escolhido porque "une (geograficamente) América do Sul e América Central". Ele afirmou que seu país voltará a tentar a vaga em 2011, se não houver outra candidatura da região.
O Conselho de Segurança tem 15 membros, sendo cinco permanentes com direito a veto (EUA, França, Rússia, China e Grã-Bretanha) e dez temporários, com mandatos de dois anos, obedecendo a rodízios regionais. O Peru também ocupa uma cadeira como representante latino-americano, até o fim de 2007.