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Primeiro foi a Itália. Agora Espanha, Alemanha e Áustria começam a notar os primeiros sinais de desaceleração da propagação do novo coronavírus.
O continente europeu é o mais atingido pelo vírus, com mais de 650 mil infecções registradas e 50 mil mortes. Mas segundo a Organização Mundial da Saúde, alguns países da região estão registrando menos casos diários da Covid-19 do que na semana passada.
Espanha
A Espanha, por exemplo, informou nesta segunda-feira (6) que 4.273 pessoas foram diagnosticadas com a doença nas últimas 24 horas. No dia anterior, foram 5,5 mil. O auge, até agora, foi de 9,2 mil casos em 1º de abril, segundo dados da OMS.
A redução também aparece no número de vítimas da doença. Nesta segunda-feira, as autoridades espanholas anunciaram que 637 pacientes morreram, o menor número desde 24 de março. O pico foi registrado na quinta-feira passada, quando 950 pessoas faleceram por causa da doença.
Os dados fazem crescer a esperança de que o pior já passou no país, um dos mais atingidos pela pandemia de coronavírus, com mais de 130 mil infecções - o maior número na Europa - e 13 mil mortes.
"Esses números continuam a confirmar a tendência de queda que estamos vendo", disse María José Sierra, do centro de emergência de saúde da Espanha, citando que há também uma diminuição nas hospitalizações e nos casos que precisam de cuidados intensivos. "Estamos vendo a taxa de crescimento da pandemia diminuindo em praticamente todas as regiões".
Itália
O movimento de "achatamento da curva" de novos casos da Covid-19 já havia sido notado na Itália. Há uma semana, as autoridades anunciaram que o auge da epidemia já havia passado. Porém, o país está registrando aumentos diários entre 4 e 5 mil casos, o que mostra uma certa dificuldade em começar uma trajetória de queda.
As mortes por coronavírus, da mesma maneira, estão desacelerando. Neste domingo (5), 525 italianos faleceram por causa da Covid-19, o menor aumento diário desde 19 de março. Além disso, o número de pacientes internados em unidades de tratamento intensivo caiu pelo segundo dia consecutivo.
Mesmo com as boas notícias, o governo continua defendendo a quarentena imposta para contenção da propagação do novo coronavírus. "Não abaixe a guarda, fique em casa", disse Angelo Borelli, chefe do departamento de Proteção Civil da Itália.
Alemanha
A Alemanha segue a mesma toada, embora os indícios de uma estabilização sejam mais incipientes. Na segunda-feira, o número de pessoas infectadas aumentou em 3.677, segundo o Instituto Robert Koch para doenças infecciosas, o que marcou o quarto dia consecutivo de queda em novos casos. Segundo a instituição, já são mais de 95 mil casos no país.
As mortes também começaram a diminuir no início desta semana. Foram 92 registradas nesta segunda-feira, segundo o instituto alemão, o menor número de óbitos desde 31 de março. Mais de 1400 alemães já morreram por causa da Covid-19.
A Alemanha é o país com uma das menores taxas de letalidade da doença, o que se explica pelo fato de estar conduzindo testes em massa para diagnosticar o novo vírus. Segundo reportagem do Financial Times, o país está fazendo 350 mil testes por semana e já testou quase um milhão de pessoas, em uma população de cerca de 80 milhões.
Áustria
A vizinha Áustria também vê uma desaceleração de novos casos de Covid-19. Segundo a OMS, o país registrou o maior número de infecções em um único dia em 27 de março (1.141) e desde 31 de março os novos casos vem diminuindo. Desde o início da epidemia até 5 de abril, 11.766 casos forma confirmados no país e 186 austríacos morreram.
O primeiro-ministro, Sebastian Kurz, já está planejando relaxar as medidas de distanciamento social a partir de 14 de abril. Ele disse que negócios com mais de 400 metros quadrados de área e lojas de ferragens e jardins poderão abrir novamente. Shoppings e salões de beleza poderão abrir a partir de 1º de maio, e escolas ficarão fechadas até metade de maio. Eventos continuarão suspensos até fim de junho, segundo o planejamento do governo.
Preocupação
Na semana passada, a OMS alertou que países que se apressarem em suspender as restrições de quarentena podem ter que lida com uma crise econômica "ainda mais grave e prolongada" e um ressurgimento dos casos de Covid-19.
"Estamos todos cientes das profundas consequências sociais e econômicas da pandemia", disse o diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus na sexta-feira. "Em última análise, a melhor maneira de os países encerrarem as restrições e facilitarem seus efeitos econômicos é atacar o vírus".
O jornalista Jamil Chade, colunista do UOL baseado em Genebra, informou nesta segunda-feira que a OMS prepara uma estratégia que possa guiar os países na transição entre as quarentenas e a reabertura das economias. Segundo Chade, a OMS também vai "concentrar esforços para que países possam melhorar seus serviços de saúde".