As vítimas em meio a poças de sangue e corpos mutilados são algumas das cenas dantescas observadas após os atentados desta terça-feira (22) no aeroporto e no metrô de Bruxelas, uma cidade afundada no pânico e no horror.
“Um homem gritou palavras em árabe e ouvi uma grande explosão”, contou à AFP Alphonse Lyoura, que trabalha na segurança das bagagens dos voos à África e se encontrava perto do local da primeira explosão.
“Era o pânico geral. Me escondi e esperei cinco, seis minutos. Algumas pessoas vieram me pedir ajuda”, acrescentou, com as mãos ainda ensanguentadas. Ajudei ao menos sete feridos. Retiraram cinco corpos que já não se moviam”, prosseguiu, explicando que “muitos perderam as pernas”.
“Via pessoas no chão com sangue e já não se moviam. Não estou bem psicologicamente. É o horror, a Bélgica não merece isso”, disse sem conseguir conter as lágrimas.
Valérien, outra testemunha, disse ter visto “feridos por todo lado”. “Vi uma mãe que não tinha ferimentos, mas seu filho estava ferido”, afirmou.
“Todos fugiam, todos buscavam um lugar para se esconder. Era o descontrole total”, afirmou Michel Mpoy, de 65 anos e que foi ao aeroporto buscar um amigo que chegava de Kinshasa (República Democrática do Congo).
A dupla explosão no aeroporto de Bruxelas e ao menos uma terceira em uma estação de metrô da capital belga deixaram nesta terça-feira um balanço provisório de ao menos 26 mortos e dezenas de feridos.
Os diferentes testemunhos recolhidos pela AFP afirmam que a primeira explosão foi registrada às 8 horas locais (4 horas de Brasília). Uma hora mais tarde, uma jornalista da AFP viu centenas de pessoas evacuadas no aeroporto, telefonando para seus familiares.
“Ouvimos um grande ‘bum’“, afirmou Anne, que trabalha no setor de partidas. “Acreditamos que o barulho se devia aos trabalhos, já que estão sendo feitas muitas obras, mas vimos pessoas chegando aterrorizadas”, prosseguiu.
Algumas pessoas foram evacuadas a uma pista do aeroporto e permaneceram ali ao ar livre cercadas pelas forças de segurança.
Jean-Pierre Lebeau havia acabado de chegar ao aeroporto procedente de Genebra quando a primeira explosão foi registrada. “Senti o impacto. O teto caiu e senti cheiro de pólvora”.
Horror no metrô
A uma dezena de quilômetros do aeroporto, pouco depois das 9 horas locais (5 horas de Brasília) foi registrada uma terceira explosão na estação de Maelbeek, no coração do bairro europeu de Bruxelas.
A situação era muito confusa, com uma grande nuvem de poeira que escapava da saída do metrô e o som de sirenes de ambulâncias e patrulheiros da polícia. Um jornalista da AFP viu quinze pessoas no chão recebendo os primeiros socorros. Muitas delas tinham o rosto ensanguentado, algumas choravam.
A cena se desenrolou a trezentos metros dos edifícios da Comissão Europeia e outras sedes das instituições comunitárias em um horário no qual centenas de funcionários se dirigiam ao trabalho.
“Hoje fui trabalhar a pé. Normalmente pego o metrô e desço em Maalbeek. As pessoas choravam na rua. Nos bloquearam nos escritórios”, contou à AFP Ariane Moret, uma francesa que trabalha na região.
A polícia estabeleceu rapidamente um perímetro de segurança, bloqueando o trânsito nas avenidas principais do bairro.