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Religião

Papa aceita renúncia de bispo que não puniu abusos

O Vaticano anunciou ontem que o Papa Bento XVI aceitou o pedido de renúncia de um bispo irlandês que admitiu não ter agido para punir envolvidos em ca­­sos de abuso sexual – em um ou­­tro desdobramento da onda de acusações que têm vindo à to­­na nos últimos meses, desatando crise por suposto acobertamento da hierarquia católica.

O ex-bispo auxiliar de Dublin James Moriarty, 73 anos, é o terceiro irlandês a ter a renúncia – pedida em dezembro – aceita pelo Vaticano após investigação revelar no ano passado que cerca de 15 mil crianças e adolescentes foram vítimas de abuso na Ir­­lan­­da por seis décadas. Dois outros bispos pediram renúncia e esperam decisão do papa.

Moriarty, que ocupou o posto entre 1991 e 2002, disse que "deveria ter desafiado a cultura [de impunidade de padres] prevalecente’’ e pediu perdão "aos sobreviventes e suas famílias’’.

Em março, Bento XVI enviou carta aos fiéis irlandeses pedindo perdão às vítimas de abusos por sacerdotes. Ontem, ele prometeu "ação’’ contra os envolvidos em casos de pedofilia.

Em outro constrangimento à igreja, o bispo de Augsburg (na Baviera, Alemanha) Walter Mixa também pediu sua renúncia em uma carta ao Papa na quarta-fei­­ra. O pedido sucede a sua ad­­mis­­são de ter batido em crianças du­­rante as décadas de 70 e 80 na terra natal do Papa, além de ser acusado de irregularidades fi­­nanceiras – não há contra Mixa acusação de abuso sexual.

O Vaticano não comentara o pedido até a noite de ontem.

Em março, o irmão de Bento XVI pediu desculpas por ter batido em crianças quando dirigia coral na Baviera entre 64 e 94.

Ainda ontem, bispos de Ingla­­terra e País de Gales – ambos no Reino Unido – pediram "perdão’’ pelos casos de abuso sexual por membros do clero.

Nos Estados Unidos, o advogado Jeff Anderson anunciou que vai processar o Vaticano e o Papa por não terem agido para impedir o padre Lawrence Murphy, de Wisconsin, acusado de abusar sexualmente de ao menos 200 crianças surdas entre 1950 e 1975. Anderson afirma que seu cliente enviou cartas certificadas ao Vaticano em 1995, pedindo que Murphy fosse deposto pelos abusos, mas nunca recebeu resposta.

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