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Religião

Papa admite que Vaticano agiu tarde contra abusos sexuais

A rainha Elizabeth II e o Papa Bento XVI são recepcionados por crianças do lado de fora do Palácio de Holyrood, em Edimburgo, Escócia: Pontífice defendeu paz com a Irlanda do Norte | Dan Kitiwood/AFP
A rainha Elizabeth II e o Papa Bento XVI são recepcionados por crianças do lado de fora do Palácio de Holyrood, em Edimburgo, Escócia: Pontífice defendeu paz com a Irlanda do Norte (Foto: Dan Kitiwood/AFP)

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Londres - As autoridades da Igreja Católica não foram vigilantes o suficiente e não souberam agir com decisão e rapidez nos casos de abusos se­­xuais cometidos contra crianças por padres católicos. Foi com esse discurso que o Papa Bento XVI chegou ao Reino Unido para uma visita de quatro dias. É a crítica mais dura já feita pelo Pontífice à Igreja que chefia.

Eu devo dizer que essas revelações foram um choque para mim e uma grande tristeza. Tris­­teza também porque as autoridades da Igreja não foram suficientemente vigilantes nem rápidas e decisivas para tomar as medidas necessárias’’, disse.

Bento XVI chamou a pedofilia de "perversão’’ e disse que é ne­­cessário deixar aqueles que so­­frem "dessa doença’’ o mais longe possível de suas possíveis vítimas, uma vez que o "livre arbítrio não funciona’’ quando a pes­­soa está acometida desse mal.

O Papa falou sobre os abusos de crianças durante entrevista a bordo do avião que o levou da Itália para a Escócia, onde começou sua visita.

Ele não foi surpreendido pelo assunto, ao contrário, decidiu falar sobre ele. As perguntas ha­­viam sido passadas por escrito an­­tes e ele escolheu quais responder.

A intenção talvez tenha sido dar uma resposta aos que planejam protestos durante a visita contra a atitude da Igreja nos ca­­sos de abusos. Vítimas acusam o Vaticano de ter acobertado os ca­­sos e protegido os molestadores.

O Papa afirmou que a missão da Igreja é ajudar as vítimas dos abusos a se recuperar dos traumas e reencontrar a fé em Jesus Cristo.

Ateísmo e nazistas

Bento XVI foi recebido logo cedo pela rainha Elizabeth II, que lembrou dos laços que unem a Igreja Católica e a Igreja An­­gli­­cana, criada no século 16 por uma desavença entre o então rei inglês, Henrique VIII, e o Papa.

Em seu discurso, Bento XVI elogiou a luta dos britânicos contra a "tirania nazista que queria erradicar Deus’’.

Disse que agora é hora de lutar contra o ateísmo extremo e o se­­cularismo exagerado que no­­va­­mente ameaçam o mundo.

No fim da tarde, o Papa rezou uma missa em Glasgow para cerca de 65 mil pessoas. Número mui­­to menor que o esperado pelos or­­ganizadores, que colocaram à venda 100 mil ingressos.

Essa é a segunda visita de um Papa ao Reino Unido. A primeira foi em 1982, quando João Paulo II atraiu muito mais atenção. Pes­­soas ligadas à Igreja Católica afirmam que não se trata de desprestígio da Igreja, mas que os tempos são outros e que Bento XVI tem um estilo mais reservado, e me­­nos atraente, que seu antecessor no cargo.

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