O papa emérito Bento XVI deixou de lado o compromisso de se manter "afastado do mundo" após a renúncia, em 2013, e tornou públicas suas impressões sobre uma controversa proposta que deve ser avaliada pelo seu sucessor, papa Francisco. Em debate, uma flexibilização que permita a ordenação de homens casados em circunstâncias específicas.
Em um livro escrito com o cardeal conservador guineense Robert Sarah, Bento XVI afirma que a tradição do celibato na Igreja Católica é de grande significado por permitir que o sacerdote se concentre em sua vocação. Para Joseph Ratzinger não parece possível exercer a fé e o matrimônio de modo simultâneo. Trechos do livro, ainda não lançado, foram publicados neste domingo (12) pelo jornal francês Le Figaro.
A manifestação parece surgir como uma tentativa de apelo ao papa Francisco para que não altere as regras vigentes na Igreja, conforme sugerido durante o Sínodo da Amazônia, realizado em outubro de 2019. Uma das propostas que constam do documento final da reunião recomenda que "homens casados de virtude comprovada" possam se ordenados (após formação adequada) para desenvolver o sacerdócio em áreas remotas. A intenção é garantir a celebração de missas em regiões isoladas e permitir que fiéis recebam os sacramentos de forma regular.
A posição do papa Francisco sobre a questão (e outras levantadas durante o Sínodo) deve ser conhecida em 2020, com a divulgação de um documento próprio, a Exortação Apostólica. Caso a proposta seja acatada, alas mais conservadoras da Igreja Católica acreditam que ela poderia levar a mudanças mais profundas na tradição do Vaticano.
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