O Papa Bento XVI chegou nesta segunda-feira (11) de helicóptero a Jerusalém, onde foi recepcionado por crianças e pelo prefeito da cidade, Nir Barkat. Pouco antes, quando chegou ao aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, para dar início a sua primeira visita como pontífice a Israel e ao território palestino da Cisjordânia, ele foi recebido pelo presidente, Shimon Peres, e pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.
Em seu discurso de boas vindas, Shimon Peres destacou que a visita do Papa a Israel é uma missão de paz.
"É uma missão espiritual da mais alta ordem: uma missão de paz para plantar sementes de tolerância e erradicar as ervas más do fanatismo", disse.
Em seu primeiro discurso na vista a Israel, Bento XVI homenageou os seis milhões de judeus que morreram no Holocausto e anunciou a luta contra o antissemitismo. O Pontífice tentou contemporizar os escândalos envolvendo o bispo inglês Richard Williamson, que negou o Holocausto.
Mesmo diante dos esforços do Vaticano para evitar temas políticos e focar a peregrinação em seu caráter espiritual, o Papa fez ainda um rápido comentário sobre o conflito israelense-palestino.
"Defendo que explorem todas as possibilidades em busca de uma solução justa e duradoura para que ambos os povos possam viver em paz em suas terras natais, com segurança e reconhecimento internacional de fronteiras", afirmou o Papa no discurso no aeroporto de Tel Aviv.
O pontífice não mencionou a palavra Estado, mas sua referência a duas terras natais com fronteiras internacionais reafirmam a posição da Igreja a favor de estabelecer um estado palestino.
O Papa também pediu o livre acesso à cidade sagrada de Jerusalém para fiéis de todas as religiões.
"Espero que todos os peregrinos tenham a possibilidade de visitar sem restrições os lugares santos, participar de cerimônias religiosas e manter sem templos de culto", ressaltou.
À tarde, o Papa plantou uma árvore, símbolo da paz, nos jardins da residência presidencial de Shimon Peres, durante a visita de cortesia que fez ao mandatário nesta tarde. A visita foi marcada por uma recepção oferecida para cerca de 300 convidados, dirigentes políticos e religiosos.
Em seu discurso, ainda na residência de Peres, em Jerusalém, o Pontífice pediu que "cristãos, muçulmanos e judeus" contribuam com a paz buscando a presença de Deus no coração.
"Qualquer tensão pode facilmente gerar contradições, o que torna obscura a união do Senhor", disse, comentando que durante sua visita a Israel fará orações "pela paz no Oriente Médio e no mundo, pela justiça na Terra Santa e nas regiões, levando segurança aos povos", disse.
Depois, visitou o Memorial do Holocausto de Yad Vashem, onde afirmou que o sofrimento das vítimas do nazismo, que exterminou milhares de judeus, "não podem ser negados, diminuídos ou esquecidos".
"Estou aqui para permanecer em silêncio diante deste monumento erguido para honrar a memória de milhões de judeus mortos na horrível tragédia do Holocausto", disse o Papa, ao realizar o seu principal compromisso do dia.
A mensagem era dirigida à irritação da comunidade judaica com relação ao bispo britânico Richard Williamson, que negou o Holocausto.
Havia uma grande expectativa entorno da visita de Bento XVI ao memorial, onde há também uma imagem do papa Pio XII, com a legenda "silêncio". Porém, o Papa não visitou esta ala da estrutura.
No último dia de sua estada na Jordânia, antes de seguir para Israel, o Papa Bento XVI disse, no domingo, que os cristãos devem ficar na Terra Santa, apesar das dificuldades.