Castelgandolfo, Itália (AFP/EFE/Reuters) O Papa Bento XVI celebrou ontem a decisão tomada pelo Exército Republicano Irlandês (IRA, na sigla em inglês), na semana passada, de terminar sua campanha armada contra a presença britância na Irlanda do Norte. Além disso, o Papa pediu que todas as partes envolvidas dessem as mãos em um gesto pela paz. "É uma excelente notícia que contrasta com os dolorosos acontecimentos que presenciamos diariamente em muitas parte do mundo", disse o Papa a uma multidão depois da bênção semanal em sua residência de veraneio, em Castelgandolfo, perto de Roma.
O Papa afirmou que o anúncio feito pelo IRA na quinta-feira, de pôr fim aos seus 30 anos de luta armada, havia dado "satisfação e esperança a essa ilha e a toda a comunidade internacional." O IRA e seu aliado político Sinn Fein, que tem a maioria de seu apoio entre a comunicade católica norte-irlandesa, quer unir a província com a República da Irlanda. Os partidos protestantes preferem que a província, de maioria católica, permaneça como parte do Reino Unido.
Quatro dias depois do anúncio do fim da luta armada, os governos britânico e irlandês, além de partidos unionistas (protestantes), continuam à espera da confirmação de que a organização começou a se desarmar.
Londres e Dublin acreditam que o processo de desarmamento terminará no segundo semestre ou início do ano que vem, mas todas as partes estão ansiosas para ver, em breve, atos nesta direção, para gerar confiança na comunidade protestante diante do início de conversas de paz, talvez em setembro.
As olhares estão voltados para o general canadense John de Chatelain, presidente da Comissão Internacional Independente de Desarmamento (IIDC), que poderia anunciar nos próximos dias que a organização inutilizou parte de seus arsenal. No entanto, para os unionistas, tão importante como o "quando" é o "como" está se desarmando o IRA.
Para o primaz da Igreja na Irlanda, o arcebispo Sean Brady, o gesto do IRA é "significativo e bem-vindo para alcançar a liberdade verdadeira na Irlanda já oferecido por um grupo paramilitar desde o começo do conflito, há 36 anos".
Sem esquecer os desejos da maioria dos católicos, o primaz disse ontem que as palavras do IRA deveriam permitir a abertura de um debate sobre a unificação da Irlanda, "em uma atmosfera menos emotiva e mais construtiva". No entanto, Brady alertou que ainda não está claro até que ponto certos elementos dentro do unionismo e do ambiente paramilitar protestante estão dispostos a participar desse debate por meios exclusivamente democráticos e pacíficos.
O arcebispo também pediu que o Sinn Fein, braço político do IRA, se una aos comitês do novo Serviço da Polícia da Irlanda do Norte (PSNI), e estabeleça um "diálogo honesto" com os outros participantes do processo de pacificação na província. Em Castelgandolfo, Bento XVI também disse encorajar todos os que quiserem trilhar o caminho que leva à paz.
Juventude
Além de celebrar a decisão do IRA, o Papa Bento XVI também convidou os jovens a assistir ou se unir espiritualmente à Jornada Mundial da Juventude, de 18 a 21 de agosto, em Colônia, Alemanha. Contente e em boa forma após 15 dias de férias, ele foi aplaudido e interrompido várias vezes no primeiro Ângelus que celebrou na residência de verão do Vaticano, perto de Roma. A viagem de Bento XVI à Alemanha será a primeira do Papa ao exterior. Além de se reunir aos jovens, ele vai se encontrar com autoridades de seu país natal e com representantes das comunidades muçulmana e judaica. Também visitará a sinagoga de Colônia.
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