Papa Bento XVI é recebido pelo rei Juan Carlos e pela rainha Sofia, da Espanha| Foto: REUTERS/Osservatore Romano

O papa Bento 16 denunciou as estruturas econômicas que põem o lucro à frente das pessoas ao iniciar nesta quinta-feira uma viagem à Espanha, país atingido pela recessão e onde houve violentos protestos contra os gastos do governo com essa visita.

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"A economia não pode ser mensurada pelo lucro máximo, mas pelo bem comum", disse o papa a jornalistas no avião que o levou a Madri, onde passará quatro dias. "A economia não pode funcionar só com uma autorregulação mercantil, mas precisa de uma razão ética a fim de funcionar para o homem."

Por causa da recessão, um em cada cinco espanhóis está desempregado, e a situação atinge especialmente os jovens, o que motivou o surgimento de um movimento chamado "Os Indignados", que em maio ocupou a praça Puerta del Sol, no centro de Madri.

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"Os Indignados" voltaram às ruas na quarta-feira, junto a outros grupos, num protesto que acabou em violência. Oito pessoas ficaram feridas e oito foram detidas em confrontos entre os manifestantes e peregrinos que foram a Madri ver o papa, segundo a polícia e os serviços de emergência.

Nesta quinta-feira, houve um novo protesto na Puerta del Sol, desta vez contra a repressão policial da véspera, mas pouco mais de 200 pessoas compareceram, sem abafar o entusiasmo dos milhares de fiéis que se reuniram perto dali, na praça Cibeles.

Peregrinos de cerca de 190 países estão na capital espanhola para participar do Dia Mundial da Juventude, que será o ponto alto da visita pontifícia.

"Somos a juventude do papa", gritava a multidão na praça Cibeles, aonde o papa chegou depois de receber as chaves da cidade do prefeito de Madri.

Bento 16 manifestou solidariedade e apoio aos jovens afetados pelas incertezas econômicas, mas, num discurso proferido ainda no aeroporto de Barajas, nos arredores de Madri, alertou para os desafios do consumismo, do hedonismo e da "disseminada trivialização da sexualidade."

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Ele reforçou essa mensagem mais tarde na praça Cibeles, criticando quem "cria seus próprios deuses, acredita que não tem raízes nem fundações ... e se deixa guiar pelos caprichos de cada momento."

Críticos dizem que o governo gastou 100 milhões de euros para receber o papa, mas as autoridades não comentam as cifras.