Francisco celebrou missa no Estádio Internacional Aman, na Jordânia, e falou sobra Síria| Foto: Muhammad Hamed/ Reuters

Francisco condena ataque a Museu Judaico na Bélgica

Das agências

Durante sua viagem ao Oriente Médio, o Papa Francisco condenou o ataque contra o Museu Judaico na Bélgica, no sábado, que deixou três mortos, incluindo dois israelenses. Ele referiu-se às mortes como um "crime de ódio antissemita". Lendo um texto previamente escrito, Francisco disse que "Com um coração em dor, eu penso naqueles que perderam suas vidas no ataque cruel de ontem em Bruxelas", disse.

Ele pediu uma solução justa e duradoura para a paz e defendeu que Israel merece paz e segurança "dentro das fronteiras internacionalmente reconhecidas" enquanto os palestinos têm o "direito de viver com dignidade e com liberdade de movimento" em sua própria terra.

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Disputa

A visita do Papa à Terra Santa é marcada pela luta protocolar entre palestinos e israelenses. O fato lotou de compromissos políticos uma viagem de apenas três dias por três estados diferentes, e gerou certo incômodo, sobretudo, entre a diplomacia eclesiástica. O programa oficial apontava a visita ao "Estado da Palestina", uma unidade política cuja existência Israel não reconhece.

Primeira

Pela primeira vez um papa irá entrar no território do "Estado da Palestina", como destacou a Santa Sé ao apresentar esta breve viagem, já que a ONU aceitou em 2012 a inclusão como observador e com essa denominação oficial. Quando Paulo VI visitou a região na Cidade Antiga de Jerusalém, no leste, ela era parte do reino da Jordânia, que Israel ocupou após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, junto com outros territórios árabes. O então papa também iniciou sua viagem na Jordânia.

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Cenáculo

Veículos de comunicação locais divulgaram a possibilidade de ser firmado um pacto em que Israel vai ceder para o Vaticano o Cenáculo – local onde teria ocorrido a Última Ceia, em disputa há duas décadas. A notícia gerou um clima de tensão antes da chegada do Papa e levou radicais judeus a cometerem atos de vandalismo contra igrejas e propriedades palestinas.

Presidente palestino, Mahmoud Abbas, recebe o pontífice
Francisco reza no muro que separa israelenses e palestinos
Presidente de Israel, Shimon Peres, dá boas-vindas ao papa

O papa Francisco convidou ontem, durante sua visita à Terra Santa, os presidentes de Israel e da Autoridade Nacional Palestina para reunirem-se, em junho, no Vaticano. O gesto inesperado foi rapidamente seguido do anúncio de que os líderes aceitavam o convite.

O israelense Shimon Peres deve, assim, encontrar-se com sua contraparte palestina, Mahmoud Abbas, para discutir a paz sob os auspícios do pontífice. A viagem deve irritar o premiê israelense Benjamin Netanyahu.

O apoio simbólico virá em boa hora, já que as negociações entre Israel e palestinos desmoronaram em abril, com o fim do prazo para as conversas sem nenhum resultado prático.

Israel culpa a recente reunificação entre as fações palestinas Fatah e Hamas, enquanto palestinos exigem a soltura de presos e a interrupção das construções nos assentamentos na Cisjordânia.

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Belém

Também ontem, o papa Francisco esteve em Be­­lém, onde realizou uma missa diante da Igreja da Natividade, que celebra o nascimento de Jesus Cristo. Ele perguntou aos fiéis se seriam como Maria e José, que receberam o menino Jesus, ou como Herodes, que quis exterminá-lo.

Antes da missa, o pontífice havia rompido com o protocolo ao aproximar-se do muro que separa Israel da Cisjordânia e rezar com as mãos postas nele, em forte gesto simbólico.

Palestinos esperam que o papa Francisco condene, durante sua visita, a ocupação israelense da Cisjordânia, território tomado na Guerra dos Seis Dias, em 1967, a despeito da condenação internacional.

É pouco provável que o pontífice use de tal linguagem política. Mas ele já se referiu- ao território como "Estado da Palestina", uma entidade política que Israel não reconhece, irritando assim seus próximos anfitriões.

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Israel

A visita do papa Francisco é a quarta de um papa a Israel, e sua presença trouxe à tona debates como a situação da comunidade cristã em Israel e a relação entre judeus e cristãos. Mas seus discursos se concentraram, por enquanto, na guerra da Síria e na crise humanitária de seus refugiados.

Encontro com patriarca ortodoxo reforça vínculos

Jerusalém/Efe

O papa Francisco e o patriarca ecumênico Bartolomeu assinaram ontem uma declaração conjunta na Cidade Antiga de Jerusalém na qual pedem a unidade dos cristãos perante os desafios futuros. O bispo de Roma e o patriarca de Constantinopla repetiram assim a histórica cena de 50 anos atrás protagonizada por seus antecessores, Paulo VI e Atenágoras I, que romperam uma hostilidade que remontava ao século XI.

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"Nossa reunião – um novo encontro dos bispos das igrejas de Roma e Constantinopla, fundadas por sua vez por dois irmãos, os apóstolos Pedro e André – é fonte de profunda alegria espiritual para nós", afirmaram.

"Representa uma ocasião providencial para refletir sobre a profundidade e a autenticidade de nossos vínculos, fruto de um caminho cheio de graça pelo qual o Senhor nos levou desde aquele dia bendito há 50 anos", acrescentaram.

Ambos destacaram que "o encontro é um novo e necessário passo no caminho rumo àquela unidade à qual só o Espírito Santo pode conduzir-nos, da comunhão da legítima diversidade".

"O abraço que se deram o papa Paulo VI e o patriar­ca Atenágoras aqui em Jerusalém, após muitos séculos de silêncio, preparou o caminho para um gesto de enorme importância: remover da memória e da mente das igrejas as sentenças de mútua excomunhão de 1054", lembraram.

Eles admitem que o gesto não foi suficiente no longo caminho que ainda fica por percorrer para arrancar as raízes de um conflito que em algumas ocasiões incluiu atos de violência.

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"Mesmo sendo plenamente conscientes de não ter alcançado a meta da plena comunhão, confirmamos hoje nosso compromisso de avançar juntos para aquela unidade pela qual Cristo nosso Senhor orou ao pai, para que todos sejam um", ressaltaram.