A situação econômica na Argentina não está fácil, tanto que o papa Francisco convocou representantes do governo e de sindicatos trabalhistas e patronais para um encontro no Vaticano, informa neste domingo o jornal "La Nación". Marcado para o dia 19 de março, a reunião já tem presença confirmada do ministro do Trabalho, Carlos Tomada; o presidente e vice-presidente da Unión Industrial Argentina (UIA), Héctor Méndez e Daniel Funes de Rioja; e o secretário geral do sindicato dos trabalhadores da construção (Uocra), Gerardo Martínez. Não se descarta a participação do secretário geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT), Antonio Caló.
Segundo fontes envolvidas na iniciativa, o diálogo convocado pelo papa é "um sinal de pacificação" e de promoção "da cultura do jogo", em meio a escalada da inflação, a desvalorização cambial e a chegada do período de negociações salariais.
A tensão se tornou clara na última terça-feira, quando a presidente Cristina Kirchner atacou empresários e sindicalistas em discurso em cadeia nacional, acusando as empresas de "saquear os bolsos dos argentinos".
Fontes eclesiásticas confirmaram que o discurso inflamado preocupou o papa, que se mantém informado sobre a situação no seu país natal pela internet. Francisco enviou mensagem à presidência pedindo que Cristina se reunisse com Antonio Caló, alvo de duras críticas. Na quarta-feira, os dois se encontraram residência oficial em Olivos, e voltam a se reunir na próxima quarta-feira. Alguns arriscam dizer que houve um contato telefônico entre Francisco e Cristina, mas isso não foi confirmado pela Casa Rosada.
O convite do papa a Funes de Rioja, Martínez, Méndez e Tomada começou a ser planejado há algumas semanas. Segundo o "La Nación", o padre Carlos Accaputo, presidente da Pastoral Social e operador político de Francisco, entrou em contato com Funes de Rioja e fez o convite a todos os setores envolvidos.
O encontro tem permissão da presidente Kirchner. Tanto o papa como Cristina desejam diminuir as tensões sociais, mas ela não tem conseguido encontrar o caminho. Francisco preferiu dar um tom global ao encontro, por isso foram convidados atores argentinos vinculados com a Organização Internacional do Trabalho.