O papa Francisco criou nesta quinta-feira (8) um comitê supervisor financeiro para a Santa Sé e o Estado do Vaticano dentro de uma nova bateria de reformas sobre a economia e as finanças vaticanas, muito questionadas, sobretudo, pelo papel de seu banco, o Instituto para as Obras de Religião (IOR).
O pontífice argentino aprovou um "Motu Proprio" (decisão pessoal do papa) que dá continuidade ao aprovado por seu antecessor, Bento XVI, em 30 de dezembro de 2010 e que inclui medidas para a prevenção e luta contra a lavagem de capitais, financiamento do terrorismo e a proliferação de armas de destruição em massa.
Entre as medidas figura a constituição do Comitê de Segurança Financeira vaticano, que coordenará as autoridades competentes da Santa Sé e o Estado da Cidade do Vaticano nestas questões e que estará presidido pelo assessor para os Assuntos Gerais da Secretaria de Estado, Bryan Peter Wells.
Farão parte desse comitê, entre outros, o subsecretário para as Relações com os Estados, Antoine Camilleri; o secretário da Prefeitura para os Assuntos Econômicos da Santa Sé, o espanhol Lúcio Ángel Vallejo Balda (membro da comissão para a reforma da administração econômica); assim como o diretor da Autoridade de Informação Financeira (AIF), René Bruelhart.
Segundo seus estatutos, este comitê pode exigir informação aos entes e organismos dependentes da Santa Sé e o Vaticano, identificar medidas necessárias para a gestão e a contenção dos riscos de lavagem de capitais, financiamento de terrorismo e proliferação de armas de destruição em massa, assim como regular a atualização destas.
As reuniões do comitê acontecem no geral a cada quatro meses, além de outros encontros de tipo extraordinário, e delas podem participar, além disso, especialistas e técnicos das matérias que forem abordadas.
"Desejo renovar o compromisso da Santa Sé em adotar os princípios e executar os instrumentos jurídicos desenvolvidos pela comunidade internacional, adequar até mais a ordem institucional para a prevenção e a luta contra a lavagem, o financiamento do terrorismo e a proliferação de armas de destruição em massa", comenta Francisco no "Motu Proprio".
Com este documento papal, a Santa Sé "reforça", além disso, a função de vigilância e regulação da AIF e cria a função de "vigilância prudencial" dos entes e organismos que desenvolvem "profissionalmente uma atividade de natureza financeira", entre eles o IOR.
Com esta última iniciativa, de cuja execução a AIF também será responsável, o Vaticano responde a uma recomendação feita pela comissão Moneyval do Conselho da Europa, que reconheceu já que a Santa Sé percorreu um "longo caminho em muito pouco tempo" na luta contra a lavagem de capitais.
"A promoção do desenvolvimento humano integral sobre o plano material e moral requer uma profunda reflexão sobre a vocação dos setores econômicos e financeiros e sobre sua correspondência como fim último da realização do bem comum", afirma o pontífice argentino.
"Por este motivo, a Santa Sé, em conformidade com sua natureza e missão, participa dos esforços da comunidade internacional destinados à proteção e à promoção da integridade, estabilidade e transparência dos setores econômicos e financeiros e à prevenção e à luta contra as atividades delitivas", prossegue.
Entre as medidas aprovadas por Francisco figura também a extensão da aplicação das leis vaticanas nesta matéria aos dicastérios da Cúria Romana e a outros organismos e entes dependentes da Santa Sé, assim como as organizações sem fins lucrativos que tenham entidade jurídica canônica e sede no Estado do Vaticano.
Este último assunto se soma à criação por parte de Francisco em abril passado de um grupo de oito cardeais para que lhe aconselhem no Governo da Igreja e estudem uma revisão da Cúria Romana, após os casos de padres pedófilos e o escândalo Vatileaks, que revelou lutas internas e supostos casos de corrupção.
Em julho passado o papa Francisco, eleito pontífice em março deste ano, criou a comissão para as reformas da estrutura econômica administrativa da Santa Sé e em junho outra de investigação para a reforma do IOR.
Eleição sem Lula ou Bolsonaro deve fortalecer partidos do Centrão em 2026
Saiba quais são as cinco crises internacionais que Lula pode causar na presidência do Brics
Elon Musk está criando uma cidade própria para abrigar seus funcionários no Texas
CEO da moda acusado de tráfico sexual expõe a decadência da elite americana