Os principais administradores do Vaticano esperavam uma troca de gentilezas no encontro anual de Natal com o papa Francisco ontem, mas o pontífice escolheu a ocasião para fazer um alerta duro, afirmando a padres, bispos e cardeais da Cúria que o carreirismo e a cobiça contaminaram a cúpula da Igreja com um "Alzheimer espiritual".
Francisco recusou muitas das regalias do cargo e deixou claro estar determinado a levar o comando da igreja para mais perto de seus 1,2 bilhão de membros.
Com esse propósito, o papa tem planos de reformar a Cúria, cujas disputas de poder e vazamentos de informações foram considerados os motivos que levaram Bento 16 a renunciar.
"A Cúria precisa mudar, melhorar... uma Cúria que não se critica, que não se atualiza, que não tenta melhorar, é um órgão doente", disse em pronunciamento.
Ele citou pelo menos 15 "doenças e tentações", do "Alzheimer espiritual" daqueles que ficam encantados com bens materiais e o poder à "esquizofrenia existencial" dos que sucumbiram a uma mentalidade triste e de coração duro.
Francisco disse que alguns membros da Cúria, dominada por italianos, agiam como se fossem "imortais, imunes ou indispensáveis", numa aparente referência a cardeais aposentados que permanecem no Vaticano e continuam a exercer influência.
O papa disse ainda que muitos sofrem de "rivalidade e vanglória", que superiores favorecem afilhados e subalternos bajulam patrões para subir na carreira.