O secretário pessoal de Bento XVI, o arcebispo Georg Gänswein, informou nesta terça (12) que o papa emérito não autorizou o uso de seu nome como coautor do livro "Des profondeurs de nos coeurs", cujo lançamento estava programado para esta quarta (15) na França. O livro, que defende a obrigatoriedade do celibato para a ordenação sacerdotal, havia sido divulgado como um trabalho conjunto de Bento e do cardeal guineense Robert Sarah.
O livro consta de um texto de Bento e outro de Sarah e de uma introdução e uma conclusão que teriam sido escritas conjuntamente por ambos. Através de Gänswein, Bento negou ser coautor da introdução e da conclusão e pediu a retirada de seu nome como coautor. "O papa emérito, de fato, sabia que o cardeal estava preparando um livro e tinha enviado um pequeno texto seu sobre o sacerdócio, autorizando-o a usá-lo como o desejasse. Mas ele não tinha aprovado nenhum projeto para um livro assinado conjuntamente nem tinha visto e autorizado a capa. Foi um mal-entendido, sem questionar a boa-fé do cardeal Sarah", declarou Gänswein.
O cardeal de 74 anos, que é prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, o departamento da Cúria Romana responsável pela liturgia católica, mantém a sua versão de que Bento estava a par de todo o processo. Na manhã de terça, antes do comunicado de Gänswein, Sarah publicou uma carta aberta em que afirma que Bento teve acesso ao manuscrito completo, incluindo a capa, que mostra a foto e o nome de ambos.
O livro surge justamente em um momento em que se espera a decisão do papa Francisco sobre a proposta do Sínodo dos Bispos sobre a Igreja Católica na Amazônia, realizado em outubro, de possibilitar que diáconos da região sejam ordenados padres, mesmo sendo casados. Francisco deve publicar uma exortação apostólica sobre o assunto em breve. Fontes que têm se encontrado com Bento XVI afirmam que o papa emérito, que completa 93 anos em abril, tem apresentado dificuldades para conversar e escrever há pelo menos seis meses.
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