O Papa Bento XVI começou, neste sábado (17), breve peregrinação em Malta, pequeno país europeu, formado por arquipélago no Mar Mediterrâneo, em sua a primeira viagem desde que a explosão dos escândalos sobre as denúncias de abuso sexual na igreja católica. O pontífice disse que os "nossos pecados" feriram a igreja em Malta. Vítimas de abuso sexual por clérigos locais esperam reunir-se com o papa.
A viagem foi planejada como uma peregrinação pelo país para relembrar os 1.950 anos do naufrágio de Saint Paul, mas também aumentou a expectativa de que o papa faria algum gesto para reparar o estrago dos escândalos de abuso sexual por todo o mundo.
O papa não respondeu às perguntas de repórteres a bordo do voo fretado da Alitalia, que voaram com ele de Roma para o pequeno arquipélago no Mediterrâneo. Nos cinco minutos em que ele falou com a mídia, o papa fez o que Vaticano chama de "reflexões e considerações" sobre questões enviadas antecipadamente por alguns veículos de comunicação.
Ao falar sobre a igreja, o Papa Bento disse que "Cristo ama Malta, mesmo se o corpo (da igreja) está ferido por nossos pecados". No entanto, ele não fez referências diretas aos escândalos que afetam seu pontificado, depois das acusações de má condução nas denúncias sobre abusos. O porta-voz do Vaticano, reverendo Federico Lombardi, disse aos repórteres que seus comentários são "referências" que devem ter "tocado" nos escândalos. O pontífice, que fez 83 anos na sexta-feira, retornará a Roma no Domingo.
Em Malta, dez homens que disseram ter sido sexualmente molestados por padres em um orfanato local durante os anos 1980 e 1990 já pediram para encontrar o Papa Bento. O grupo afirmou esperar que com este encontro "eles possam encerrar doloroso capítulo de suas vidas". Os malteses disseram que eles foram abusados por quatro padres da Igreja Católica em uma instituição somente para meninos, sob a ameaça de serem expulsos do abrigo, caso resistissem às investidas sexuais.
Recentemente, a Igreja Católica local informou que já recebeu 84 denúncias sobre casos de abuso infantil, envolvendo 45 padres na última década. Os bispos malteses já pediram desculpas pelos casos. A influência católica sobre o arquipélago é uma das mais fortes em toda a Europa. Aborto e divórcio são proibidos em Malta.