O papa Francisco descreveu neste sábado (22) alguns centros de refugiados da Europa como “campos de concentração”, ao prestar homenagem a uma cristã desconhecida assassinada por sua fé, diante do marido, que é muçulmano.
“Esses campos de refugiados... Muitos deles são campos de concentração, (...) abandonados aos povos generosos que os acolhem, que têm de passar esse peso para frente porque os acordos internacionais parecem ser mais importantes do que os Direitos Humanos”, afirmou Francisco, em uma cerimônia em memória dos mártires modernos do Cristianismo.
Saindo do roteiro que tinha preparado e se mostrando emocionado enquanto falava, o pontífice argentino disse querer que a vítima fosse lembrada com outros mártires na basílica de São Bartolomeu, em Roma.
Francisco contou que conheceu o marido da falecida e seus três filhos em uma visita a um acampamento de refugiados na ilha grega de Lesbos no ano passado.
“Não sei se esse homem ainda está em Lesbos, ou se conseguiu ir para outra parte. Não se se foi capaz de fugir desse campo de concentração”, lamentou o papa.
“Ele me disse: ‘Pai, eu sou muçulmano, mas minha esposa era cristã. Os terroristas vieram para o nosso país (...) viram o crucifixo e nos pediram que o jogássemos no chão’“, relatou Francisco.
“Minha mulher não fez isso, e eles a degolaram na minha frente. Nós nos amávamos muito”, completou o papa, citando o homem.
Francisco não revelou sua nacionalidade, mas a maioria dos migrantes de Lesbos na época de sua visita havia fugido do conflito sírio. Francisco voltou para Roma junto com três famílias desse país, para começarem uma nova vida na capital italiana.
Neste sábado, o papa se reuniu com outros refugiados que haviam chegado à Europa legalmente com a ajuda da Comunidade de Santo Egídio.
O sumo pontífice lembrou ser necessário que a generosidade para com os imigrantes demonstrada pela população de Lesbos e das ilhas italianas da Sicília e Lampedusa se propague pela Europa.
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