O papa Francisco criticou o Kremlin pela guerra na Ucrânia, iniciada com a invasão russa em 24 de fevereiro, mas disse que o conflito pode ter sido “provocado”.
As opiniões do sumo pontífice foram manifestadas em uma conversa com os diretores das Revistas dos Jesuítas, durante audiência no Vaticano em 19 de maio, e a íntegra do encontro foi publicada na edição desta terça-feira (14) da revista La Civiltà Cattolica. Parte da conversa foi reproduzida pelo site Vatican News.
Na conversa, Francisco criticou “a brutalidade e a ferocidade com que esta guerra está sendo conduzida pelas tropas, geralmente mercenárias, utilizadas pelos russos”, que, na opinião do papa, “preferem enviar chechenos, sírios, mercenários”.
“Mas o perigo é que só vemos isso, o que é monstruoso, e não vemos todo o drama que está se desenrolando por trás desta guerra, que talvez tenha sido de alguma forma provocada ou não impedida. E registro o interesse em testar e vender armas. É muito triste, mas no final é isso que está em jogo”, disse o papa.
“Alguém pode me dizer neste momento: ‘Mas o senhor está a favor do [presidente russo, Vladimir] Putin!’ Não, não estou. Seria simplista e errado afirmar uma coisa do gênero. Sou simplesmente contrário a reduzir a complexidade [do momento] à distinção entre os bons e os maus, sem raciocinar sobre as raízes e os interesses, que são muito complexos. Enquanto vemos a ferocidade, a crueldade das tropas russas, não devemos esquecer dos problemas, a fim de tentar resolvê-los”, justificou Francisco.
Na conversa, o papa chamou os ucranianos de “povo corajoso, um povo que está lutando para sobreviver e que tem uma história de luta”, mas afirmou que também há conflitos em outras regiões do mundo, como no norte da Nigéria e no Congo, e “ninguém se importa”.
Por fim, Francisco disse que espera se encontrar com Cirilo de Moscou, patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, criticado por seu apoio a Putin, em assembleia geral no Cazaquistão, em setembro: “Espero poder cumprimentá-lo e falar um pouco com ele como pastor”.
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