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O papa Francisco criticou o que ele descreveu como um ambiente "reacionário" e “politicamente carregado” dentro da Igreja Católica nos Estados Unidos.
Em uma reunião privada no último dia 5 com membros da Ordem dos Jesuítas durante sua passagem por Lisboa, capital de Portugal, onde participou da Jornada Mundial da Juventude, o papa argumentou que as ideologias políticas, por vezes, estão substituindo a fé dentro da Igreja.
As declarações do papa foram reveladas nesta segunda-feira (28) pela revista jesuíta La Civiltà Cattolica.
“Você verificou que a situação nos Estados Unidos não é fácil: existe uma atitude reacionária muito forte e organizada que estrutura um sentimento emocional de pertencimento. Quero lembrar a estas pessoas que o atraso é inútil, e é preciso entender que há uma correta evolução na compreensão das questões de fé e de moral”, disse Francisco, em resposta a uma pergunta feita por um jesuíta português.
Na pergunta, o jesuíta disse ao papa que havia passado um ano sabático nos EUA e que tinha visto muitos membros da Igreja, incluindo bispos, criticarem a forma dele de liderar a Igreja Católica.
Em outra resposta ao jesuíta, o papa criticou o que chamou de "ideologias políticas" dentro da Igreja americana e alegou que essa abordagem pode resultar em um isolamento prejudicial para os católicos.
Ele comparou a evolução da doutrina da Igreja Católica a um crescimento de raiz para cima, onde a fé é construída sobre "uma base sólida e se desenvolve gradualmente".
“Esses grupos americanos de que você fala, tão fechados, estão se isolando. E em vez de viverem de doutrina, de doutrina verdadeira que sempre se desenvolve e dá frutos, vivem de ideologias. Mas quando na vida abandonamos a doutrina para substituí-la por uma ideologia, perdemos, perdemos como na guerra”, afirmou o papa.
Em relação a questões morais, o papa Francisco afirmou que a posse de armas nucleares e a pena de morte agora são consideradas "pecaminosas", algo que não era previamente reconhecido, segundo ele. Francisco também mencionou a mudança da visão da Igreja sobre a escravidão, citando-a como exemplo de como a compreensão moral pode se transformar ao longo dos séculos.