O papa Francisco defendeu neste sábado (25) o direito do povo armênio de defender e perpetuar a memória, sem “diluir” o passado doloroso, em uma missa em Gyumri, segunda maior cidade da Armênia, e no Memorial do Genocídio em Yerevan.
“Há outra memória que se deve proteger: a memória do povo. Os povos, de fato, têm uma memória, como as pessoas. E a memória de vosso povo é muito antiga e valiosa”, disse o pontífice aos fiéis armênios.
“Mesmo em meio a grandes dificuldades, poderíamos dizer com o Evangelho de hoje que o Senhor tem visitado o seu povo”, completou.
O pontífice elogiou a fidelidade dos armênios ao Evangelho e sua fé, “de todos os que deram testemunho, ainda que ao custo de sangue”. A missa teve a presença de 20 mil pessoas em Gyumri, a 10 km da fronteira com a Turquia.
Na sexta-feira (24), o papa citou o “genocídio” dos armênios durante o Império Otomano no início do século 20. A fala gerou polêmica, pois a turquia não admite a acusação de genocídio. Para eles, há um exagero nos números e o que ocorreu foi uma guerra civil mortífera entre turcos e armênios.
Antes da missa, no livro de visitas do Memorial do Genocídio de Tzitzernakaberd, em Yerevan, Francisco escreveu que a “memória não deve ser suprimida nem esquecida”. “Que Deus proteja a memória do povo armênio. A memória não deve ser suprimida nem esquecida. A memória é fonte de paz e de futuro”, escreveu o papa no livro de visitas do Museu do Memorial.
“Aqui eu rezo, com dor no coração, para que nunca mais aconteçam tragédias como esta, para que a humanidade não esqueça e saiba vencer com o bem o mal; (para que) Deus conceda ao amado povo armênio e ao mundo inteiro paz e consolo”, insistiu na mensagem.
Durante a missa, Francisco estimulou os armênios a continuar sua “grande história de evangelização”, que “é também tempo de misericórdia”.
“Somos chamados antes de mais nada a construir e reconstruir, sem desfalecer, caminhos de comunhão, a construir pontes de união e superar as barreiras que separam”, disse o papa.
Na sexta-feira, no primeiro dia de visita ao país, o papa optou pela franqueza ao invés da prudência e denunciou o “genocídio” dos armênios. “O Grande Mal”, como chamam os armênios, teria provocado a morte de 1,5 milhão de pessoas, de acordo com a Armênia.