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Guerra na Ucrânia

Papa Francisco diz ao patriarca ortodoxo para não se tornar o “coroinha de Putin”

Registro da videochamada entre Francisco e Kirill ocorrida em março. (Foto: Vatican News)

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Em entrevista ao jornal italiano Corriere Della Sera o papa Francisco contou ter alertado ao patriarca ortodoxo Kirill para “não se transformar no coroinha de Putin”. A frase foi dita durante uma videochamada feita entre os dois líderes religiosos no mês de março.

Questionado se Kirill poderia ser o homem a persuadir o líder do Kremlin a dialogar, o jornal relata que o pontífice teria balançado a cabeça e revelado o conteúdo da conversa. “Falei com Kirill durante 40 minutos via zoom. Os vinte primeiros, com um cartão na mão, ele leu para mim todas as justificativas para a guerra. Eu escutei e disse a ele: eu não entendo nada disso. Irmão, não somos clérigos de Estado, não podemos usar a linguagem da política, mas a de Jesus”.

Em seguida, de acordo com o diário italiano, Francisco teria prosseguido em seu apelo: “Somos pastores do mesmo povo santo de Deus. Para isso devemos buscar caminhos de paz, para acabar com o fogo das armas. O patriarca não pode se transformar no coroinha de Putin”.

Francisco contou ainda que tinha um encontro marcado com o religioso russo, em Jerusalém, no dia 14 de junho. Seria o segundo encontro presencial entre os dois e não teria relação com a guerra na Ucrânia. Agora, contudo, o plano não se mostra mais viável: “ele também concorda: vamos suspender, pode ser um sinal ambíguo”.

Em 2016, Francisco protagonizou um encontro histórico com o patriarca Kirill, em Havana, Cuba. Foi o primeiro entre um pontífice romano e um patriarca de Moscou em quase mil anos, desde o primeiro cisma que dividiu o cristianismo no mundo.

O papa também disse na entrevista que se ofereceu para um encontro com o presidente Putin, em Moscou, como parte dos esforços de paz da Santa Sé, mas o Kremlin ainda não respondeu. “Temo que Putin não possa e não queira ter esta reunião agora”, disse Francisco, acrescentando que não tem planos de ir à Ucrânia.

Embora faça críticas severas à brutalidade da guerra, ao se referir às causas do conflito, o papa teria dito que “o latido da OTAN à porta da Rússia" talvez tenha levado o chefe do Kremlin a reagir mal.

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