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O Papa Francisco anunciou nesta quarta-feira (25) a expulsão de dez membros do Sodalício de Vida Cristã, uma organização católica no Peru, após uma investigação do Vaticano que revelou graves abusos físicos, espirituais e de autoridade.
A decisão, que marca uma ação severa dentro da Igreja, foi comunicada pela Nunciatura Apostólica do Peru e aprovada após análise detalhada das defesas apresentadas pelos acusados, conforme afirmou a Conferência Episcopal Peruana.
A medida foi tomada com base em investigações conduzidas pelo arcebispo de Malta, Charles Scicluna, e Jordi Bertomeu Farnós, ambos do Dicastério para a Doutrina da Fé.
Entre os membros expulsos estão figuras de destaque na organização e na Igreja Católica peruana, como o ex-superior geral do Sodalício de Vida Cristã Eduardo Regal Villa, o arcebispo emérito das cidades peruanas de Piura e Tumbes, José Antonio Eguren, e o jornalista Alejandro Bermúdez. Junto aos expulsos estão ainda os ex-superiores regionais Rafael Alberto Ismodes Cascón e Erwin Augusto Scheuch Pool; os ex-professores Humberto Carlos Del Castillo Drago, Oscar Adolfo Tokumura Tokomura e Daniel Alfonso Cardó Soria; e os membros Ricardo Adolfo Trenemann Young e Miguel Arturo Salazar Steiger.
O papa Francisco destacou que a decisão foi tomada com base no "escândalo produzido pelo número e pela gravidade dos abusos denunciados pelas vítimas". Os relatos envolvem acusações que incluem abuso físico, com práticas descritas como “sádicas e violentas”, abuso de consciência por meio de métodos sectários que buscavam quebrar a vontade dos subordinados, e abuso espiritual, com a manipulação de informações obtidas durante direções espirituais. Além disso, foram apontados casos de abuso de autoridade, com episódios de hackeamento de comunicações e assédio no ambiente de trabalho, além do encobrimento dos crimes cometidos dentro da organização.
O arcebispo José Antonio Eguren, que até havia renunciado ao seu cargo recentemente, foi acusado de encobrir abusos sexuais e estar envolvido em escândalos relacionados ao tráfico de terras. Sua expulsão é vista como um símbolo de que o Vaticano está buscando medidas mais duras contra membros que utilizam sua posição para proteger criminosos ou perpetuar abusos.
O Papa Francisco, em conjunto com os bispos do Peru e de outras regiões onde o Sodalício de Vida Cristã está presente, lamentou profundamente os atos.
"O Papa Francisco junto aos bispos do Peru e de todos os lugares onde o Sodalício de Vida Cristã está presente, entristecidos pelo ocorrido, pedem perdão às vítimas e se unem aos seus sofrimentos", disse o comunicado emitido pela Nunciatura. A Igreja também apelou à organização para que inicie um "caminho de justiça e reparação".
Os casos envolvendo o Sodalício de Vida Cristã vêm sendo investigados há anos e estão no centro de um escândalo que abalou a Igreja Católica no Peru. A organização, fundada por Luis Fernando Figari, que também foi expulso pela Igreja há um mês, esteve envolvida em múltiplas acusações de abusos contra jovens membros, incluindo violência sexual, física e psicológica.