Com um abraço e uma expressão de “Finalmente!”, o papa Francisco se encontrou com o patriarca Kirill na primeira reunião entre um pontífice e o líder da Igreja Ortodoxa Russa, em um evento histórico após a cisma que dividiu o cristianismo por quase mil anos.
“Somos irmãos”, disse Francisco enquanto abraçava Kirill na pequena sala VIP do aeroporto de Havana, onde o encontro de três horas aconteceu.
“Agora as coisas estão mais fáceis”, concordou o patriarca russo ao trocar três beijos com Francisco. “Está é a vontade de Deus”, disse o papa.
Francisco teve o breve encontro em Cuba antes de partir para uma visita de cinco dias ao México, onde levará uma mensagem de solidariedade para as vítimas da violência do narcotráfico, tráfico de humanos e discriminação, em uma das regiões mais violentas e atingidas pela pobreza.
O encontro e a assinatura de uma declaração conjunta estavam sendo elaborados por décadas e consolidou a reputação de Francisco como um estadista que assume riscos e valoriza o diálogo, construção de pontes e reaproximação a quase qualquer custo.
No documento, os dois líderes religiosos se declararam prontos para tomar todas as medidas necessárias para superar as diferenças históricas, dizendo que não são competidores, mas irmãos.
Francisco e Kirill também pediram para que líderes políticos ajam sobre a maior preocupação de ambas as igrejas atualmente: a situação dos cristãos no Iraque e na Síria, onde os fiéis estão sendo mortos e expulsos de suas casas pelo grupo jihadista Estado Islâmico.
“Em muitos países do Oriente Médio e do Norte da África, famílias inteiras de irmãos e irmãs em Cristo estão sendo exterminadas, cidades e vilas inteiras”, diz a declaração.
O documento o foi assinado em Cuba: longe das disputas territoriais entre católicos e ortodoxos na Europa, um país católico e familiar ao primeiro papa latino-americano, mas igualmente familiar a igreja russa, dado o legado antiamericano da União Soviética. O papa ajudou a mediar uma declaração de distensão entre a ilha e os Estados Unidos em 2014. “Se isso continuar, Cuba se tornará a capital da união”, disse o pontífice.
Kirill disse que a conversa foi “muito substancial” e que “é possível dizer que hoje as duas igrejas podem trabalhar juntas para proteger os cristãos no mundo todo”.
O Vaticano espera que a reunião melhore as relações com outras igrejas ortodoxas e estimule o progresso no diálogo sobre diferenças teológicas que dividiram o Ocidente e o Oriente desde a Grande Cisma de 1054.
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