O papa Francisco recebeu neste sábado (13) no Vaticano o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Foi o primeiro encontro entre ambos desde o início da invasão russa à Ucrânia, em fevereiro do ano passado, mas eles já haviam conversado por telefone desde então.
Antes da reunião deste sábado, o papa havia recusado convites para ir a Kiev, alegando que só o faria se também pudesse ir a Moscou. No final de abril, ele declarou que estava trabalhando numa “missão” para negociar a paz na Ucrânia, mas não deu maiores detalhes.
“Eu me encontrei com o papa Francisco. Sou grato por sua atenção pessoal à tragédia de milhões de ucranianos. Falei sobre dezenas de milhares de crianças ucranianas deportadas. Devemos fazer todos os esforços para que voltem para casa”, escreveu Zelensky no Twitter após o encontro.
“Além disso, pedi para que condenasse os crimes russos na Ucrânia. Porque não pode haver equivalência entre a vítima e o agressor. Também falei sobre nossa Fórmula para a Paz como o único algoritmo eficaz para alcançar uma paz justa. Propus que [o papa] aderisse à sua implementação”, acrescentou o presidente ucraniano.
O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, afirmou que Francisco e Zelensky discutiram “a situação humanitária e política na Ucrânia causada pela guerra em curso”.
“O papa assegurou sua oração constante, comprovada por seus numerosos apelos públicos e sua contínua invocação ao Senhor pela paz, desde fevereiro do ano passado. Ambos concordaram com a necessidade de continuar com os esforços humanitários para apoiar a população [ucraniana]. O papa destacou em particular a urgência de ‘gestos humanos’ para com as pessoas mais frágeis, vítimas inocentes do conflito”, disse Bruni.
Durante o encontro, Francisco deu a Zelensky uma obra de bronze representando um ramo de oliveira, símbolo da paz, assim como a Mensagem pela Paz deste ano, o Documento sobre a Fraternidade Humana e o volume “Uma Encíclica sobre a Paz na Ucrânia”.
O mandatário ucraniano, por sua vez, presenteou-o com uma obra de arte feita com um colete à prova de balas e uma pintura intitulada “Perda”, sobre o assassinato de crianças durante o conflito.
Encontros com autoridades italianas
Antes do encontro com Francisco, Zelensky se reuniu com o presidente da Itália, Sergio Mattarella, e com a primeira-ministra do país, Giorgia Meloni.
“É uma honra para a Itália tê-lo aqui em Roma. Tenho o prazer de encontrá-lo novamente após nosso encontro há mais de três anos, mesmo que a condição que você enfrenta [hoje] seja bem diferente. Estamos totalmente ao seu lado”, afirmou Mattarella.
Já Meloni disse a Zelensky que a Itália seguirá prestando apoio militar a Kiev (“Nossa nação continuará a fornecer assistência para lidar com os ataques”, afirmou) e defendendo a entrada da Ucrânia na União Europeia.
“Desde o início, a Itália tem estado na vanguarda da concessão do status de candidato à UE à Ucrânia e continuará a garantir o seu apoio para facilitar a integração progressiva de Kiev, que luta para defender os valores europeus de liberdade e democracia; e [a Itália] é um posto avançado de segurança do continente europeu”, disse a primeira-ministra.
Zelensky agradeceu e declarou que “a Itália esteve e está do lado certo, do lado da verdade nesta guerra”. (Com Agência EFE)