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Religião

Papa inclui pela primeira vez mulher em missa de lava-pés

Papa Francisco lava o pé de um detento em centro prisional para adolescentes, em Roma | L´Osservatore Romano/Reuters
Papa Francisco lava o pé de um detento em centro prisional para adolescentes, em Roma (Foto: L´Osservatore Romano/Reuters)

O papa Francisco rezou missa ontem em um centro de detenção para adolescentes de Roma onde lavou e beijou os pés de 12 reclusos – incluindo duas mulheres e dois muçulmanos, algo inédito para um pontífice.

A tradicional cerimônia de lava-pés remete à descrição bíblica da Última Ceia, quando Jesus Cristo lavou os pés de seus 12 apóstolos em ato que simboliza humildade e serviço ao próximo.

Antecessores de Francisco também realizavam o ritual, em geral com padres representando os apóstolos.

Como arcebispo de Buenos Aires Jorge Bergoglio já havia incluído mulheres na cerimônia – na Argentina, ele costumava visitar hospitais, centros de detenção.

O gesto inédito de Francisco atraiu críticas e elogios.

O advogado canônico Edward Peters, assessor da mais alta corte do Vaticano, disse que a inclusão de mulheres está vetada e que a decisão do papa era um "exemplo questionável".

Já James Martin, padre jesuíta como o papa e autor de O Guia Jesuíta, viu um sinal de abertura e de que o amor de Cristo é para todos.

Ineditismo

Francisco protagonizou ainda outro ineditismo: foi a primeira vez que um papa celebrou a missa da Quinta-Feira Santa fora da Basílica de São João de Latrão, em Roma, ou da Basílica de São Pedro.

O local da celebração foi a Casal del Marmo, na periferia de Roma, que abriga 46 jovens entre 14 e 21 anos que cometeram diversos crimes. Dentre eles, são 8 italianos e 38 estrangeiros, a maioria do norte da África.

Não houve transmissão em vídeo – apenas por rádio – porque o grupo envolvia menores de idade.

Depois, o Vaticano divulgou um vídeo curto: sobre pés de homens negros, brancos e mulheres, o papa despeja a água do cálice, depois os enxuga com um pano de algodão e os beija.

"Esqueçam as irritações e as brigas. Ajudem uns aos outros. Isso é o que Jesus nos ensina. Ajudem-se sempre, assim se faz o bem", disse o papa na homilia.

Ao comentar sobre a missa, Francisco disse que considera o lava-pés um carinho de Jesus. "Entre nós quem está mais alto deve estar a serviço dos outros. É um dever como bispo e sacerdote."

Pontífice nomeia novo arcebispo de Buenos Aires

Folhapress

Nomeado pelo papa Francisco, o novo arcebispo de Buenos Aires, Mario Aurelio Poli, disse ontem que sua relação com a presidente argentina, Cristina Kirchner, será de "respeito e colaboração, mas com a devida distância e diferença".

Poli, 65 anos, até agora bispo de Santa Rosa, província de La Pampa, assumirá como arcebispo em 20 de abril, ocupando o posto que foi de Jorge Bergoglio até 13 de março, quando ele foi eleito papa.

O bispo foi questionado pela imprensa sobre a relação com Cristina ao final da missa que celebrou em um presídio para menores de idade em Santa Rosa.

A declaração sobre "distância e diferença" em relação à Casa Rosada foi destacada pelos jornais argentinos críticos ao governo.

Remonta à má relação de Cristina com o então cardeal Jorge Bergoglio – agora substituída por troca de gestos públicos de amabilidade desde a escolha dele como papa.

Os veículos de comunicação ligados ao governo preferiram destacar outras declarações de Poli, na qual afirma que seu papel é "pastoral", e não político. "O pastor não pode ter nenhuma bandeira, caso contrário perderia parte do nosso rebanho. Volto a dizer: os padres somos pastores,"

O novo arcebispo foi protagonista, em agosto de 2012, de um episódio que provocou repúdio social. Foi quando o sacerdote de sua diocese Jorge Hidalgo parabenizou pelo Facebook o ex-ditador Jorge Videla: "Não foram 30 mil [desaparecidos pela ditadura], nem foram inocentes. Feliz aniversário, general".

Uma semana depois, em carta, Poli disse que Hidalgo havia causado "grave dano à igreja" e "profundo pesar".

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