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O Brasil só tem a ganhar com a visita do Papa em 2013. Essa afirmação não se refere apenas à fatia católica da população. E nem aos benefícios financeiros que, como em Madri, certamente se darão na edição carioca da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Explico.

O próprio da juventude é ser inconformista, assumir grandes ideais, não ter medo do futuro. Desde a geração dos caras-pintadas, no entanto, o jovem brasileiro desapareceu dos debates dos grandes problemas nacionais, não se sabe se por desinteresse ou por falta de estímulo.

O país continua com os conhecidos problemas de corrupção, violência e desemprego. As iniciativas nas redes sociais e algumas atividades isoladas são exceções em meio a um mar de apatia.

Nesse cenário, a JMJ é uma oportunidade única para despertar ânimos adormecidos, por vários motivos.

As últimas três edições da Jornada – Madri, Sidney e Colônia –, que acompanhei por motivos profissionais, mobilizaram pessoas de todo o mundo e geraram discussões durante meses antes e depois de cada evento. Uma visão superficial citaria somente os polêmicos "temas católicos" no conteúdo desses debates, como o aborto, o homossexualismo, o "casamento aberto à vida".

Com honestidade intelectual e boa vontade, é possível perceber o intercâmbio de ideias não só nesses campos. Os jovens, a partir do encargo de preparar os temas dos encontros com o Papa, passaram a analisar a própria vida com outros olhos, descobrindo as suas capacidades e a responsabilidade que têm na sociedade.

Do diálogo, surgiram novos argumentos que deram forças para reagir e implementar novos projetos. Em Madri se discutiu o desemprego e a crise econômica. Em Sidney, os problemas ambientais e o consumismo.

A escolha do Brasil não deixa de ser um voto de confiança. Os dias em que o Papa estiver em solo brasileiro serão, sem dúvida, os mais polêmicos. Um bom teste para a nossa sociedade pluralista e a nossa almejada capacidade de diálogo e reflexão.

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