O Papa Francisco e o Vaticano tiveram um papel importante na troca de prisioneiros que garantiu a libertação do americano Alan Gross, e no anúncio da retomada das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e Cuba, afirmou nesta quarta-feira (17) um funcionário veterano da Santa Sé, que confirmou que o Vaticano e o governo americano vêm trabalhando juntos na liberação de Gross há mais de um ano.
De acordo com o New York Times, o papa Francisco desempenhou um papel importante no acordo entre Obama e o presidente cubano, Raúl Castro, que deu fim a décadas de hostilidades e reabriu as relações diplomáticas. Após 18 meses de reuniões secretas sediadas pelo Canadá e encorajada pelo papa Francisco que enviou cartas a Castro e Obama, o pontífice foi o anfitrião do último encontro. O acordo final foi selado com um telefonema entre os presidentes.
Ao anunciar as novas relações diplomáticas, Obama agradeceu ao papa por seu papel no processo, e por "seu exemplo moral, mostrando ao mundo como ele deveria ser, em vez de simplesmente se conformar com o mundo como é".
Cuba e o Vaticano estabeleceram relações diplomáticas em 1996, e essa aproximação foi encarada por muitos como uma tentativa de amenizar as restrições comerciais impostas pelos Estados Unidos. O papa João Paulo II foi o primeiro a visitar a ilha caribenha, em 1998.
Em 2012, seu sucessor, o papa Bento XVI, também visitou Cuba, onde foi recebido por Raúl Castro e celebrou uma missa ao ar livre para mais de 200 mil pessoas. Bento XVI afirmou que o regime marxista do governo cubano "já não correspondia mais à realidade", mas também criticou o embargo americano.
O secretário americano de Estado, John Kerry, visitou o Vaticano em três ocasiões: em janeiro, março e há poucos dias, quando se encontrou com o arcebispo Pietro Parolin, chefe das Relações Exteriores da Santa Sé. No encontro, o Vaticano teria reiterado o pedido para que os Estados Unidos fechem o centro de detenção na Baía de Guantánamo, em Cuba, que abriga suspeitos de terrorismo.