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Papa João Paulo II é beatificado pela Igreja Católica

Uma tapeçaria do Papa João Paulo II é apresentado durante a sua missa de beatificação liderada pelo Papa Bento XVI na Praça de São Pedro, no Vaticano | Vaticano
Uma tapeçaria do Papa João Paulo II é apresentado durante a sua missa de beatificação liderada pelo Papa Bento XVI na Praça de São Pedro, no Vaticano (Foto: Vaticano)
Missa celebrada pelo arcebispo Dom Moacyr José Vitti, na Praça Nossa Senhora de Salete |

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Missa celebrada pelo arcebispo Dom Moacyr José Vitti, na Praça Nossa Senhora de Salete

Padre Reginaldo Manzotti cantou com a multidão na Praça Nossa Senhora de Salete |

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Padre Reginaldo Manzotti cantou com a multidão na Praça Nossa Senhora de Salete

Curitibanos participam da missa na Praça Nossa Senhora de Salete |

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Curitibanos participam da missa na Praça Nossa Senhora de Salete

Ford Galaxie que transportou o papa João Paulo II pela capital paranaense, em 1980 |

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Ford Galaxie que transportou o papa João Paulo II pela capital paranaense, em 1980

Praça Nossa Senhora de Salete neste domingo no Dia do Trabalho |

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Praça Nossa Senhora de Salete neste domingo no Dia do Trabalho

O papa Bento XVI beatificou o papa João Paulo II, diante de uma multidão superior a um milhão de fiéis, na Praça São Pedro, colocando o antigo pontífice mais perto da santificação. Em latin, Bento declarou João Paulo "abençoado", antes do início da missa, realizada em um dia ensolarado e em meio a um mar de bandeiras polonesas, uma cena semelhante àquela do funeral de João Paulo, em 2005, quando 3 milhões de pessoas homenagearam o papa.

Bento XVI, então, recebeu um relicário de prata contendo uma ampola de sangue que havia sido retirado de João Paulo, durante sua hospitalização. O relicário, uma característica central de cerimônias de beatificação, estará disponível para que os fiéis a venerem. O objeto foi apresentado ao papa pela irmã, Tobiana, a freira polonesa que cuidou de João Paulo ao longo do pontificado, e a irmã Marie Simone-Pierre, da França, cuja recuperação inexplicável da síndrome de Parkinson foi declarada milagre.

Confira detalhes da cerimônia

» Sofrimento de João Paulo

» Vigília em Curitiba

» Transmissão pela internet

» Mais um milagre

» Multidão participa de missa

» Fotos dos preparativos e da cerimônia

Estima-se que 16 chefes de Estado, sete primeiros-ministros e cinco membros de casas reais europeias estejam participando da celebração. Entre os presentes estavam o príncipe Felipe e a princesa Letizia, o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, o polonês ativista de direitos humanos e ex-presidente Lech Walesa e o presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, que ignorou uma proibição de viajar para a União Europeia para participar do evento.

A beatificação, a mais rápida da era moderna, é um estímulo moral para uma igreja afligida pela crise de abuso sexual, mas também desperta uma nova onda de hostilidade das vítimas, uma vez que os escândalos ocorreram nos 27 anos de pontificado de João Paulo. Bento XVI dispensou o tradicional período de espera de cinco anos e permitiu que o processo de beatificação se iniciasse semanas depois do falecimento de João Paulo, em 2 de abril, de 2005. O papa estava respondendo aos pedidos de 'santificação imediata' que surgiram durante o funeral de João Paulo.

A beatificação ocorre apesar das críticas sobre a velocidade do processo e protestos sobre o abuso clerical: muitos dos crimes acobertados de violência sexual contra crianças ocorreram durante o pontificado de João Paulo. Os oficiais do Vaticano avaliam que João Paulo merece a beatificação apesar os escândalos, argumentando que o processo para uma santificação não é um julgamento sobre como ele administrou a igreja, mas a uma vida de virtude cristã. Grupos de vítimas afirmam que a velocidade da beatificação foi como "passar mais sal nas feridas" das vítimas.

Peregrinos

No sábado (30), grupos de peregrinos, muitos vindos da Polônia, terra natal do Papa, lotaram a Praça de São Pedro levando bandeiras nacionais e cantando. "É quase como se ele estivesse aqui", disse Enzo Arzellino, que viajou durante toda a noite de ônibus do sul da Itália com seu grupo paroquial para ver a beatificação.

A praça de São Pedro, onde aconteceu a beatificação, foi enfeitada com retratos de João Paulo II e 27 bandeiras com fotos que mostram um evento em cada ano do seu pontificado.

Roma vive uma grande agitação pela beatificação. A cidade está repleta de cartazes do Papa em ônibus, táxis e postes de luz, uma vez que a cidade espera uma das maiores multidões desde o funeral em 2005, quando milhões de pessoas foram à cidade para o evento.

O cardeal Stanislaw Dziwisz, que esteve ao lado do Papa por décadas como seu secretário particular, disse que estava emocionado com o número de jovens que já se encontravam na praça 24 horas antes da missa de beatificação.

O caixão do Papa João Paulo II foi exumado na sexta-feira das criptas abaixo da Basílica de São Pedro, e será colocado em frente ao altar principal. Depois da missa de beatificação no domingo, o caixão continuará na Basílica, que permanecerá aberta até que todos os visitantes interessados em vê-lo tenham feito isso.

Sofrimento de João Paulo é relembrado em vigília

O sofrimento do Papa João Paulo II foi destaque em sua beatificação. Seus assessores testemunham sobre sua longa batalha contra o mal de Parkinson e a freira francesa, curada da mesma doença, tem um papel de protagonista nas cerimônias. O Vaticano decretou que a cura inexplicável da irmã Marie Simon-Pierre foi o milagre necessário para beatificar João Paulo II.

A história do Papa é destaque nas orações da vigília no Circo Máximo, em Roma, que reúne milhares de pessoas na Praça de São Pedro, antes da missa de beatificação, programada para às 10h de domingo. A vigília deve durar a noite toda, na chamada "noite branca" de orações, que irá continuar em oito igrejas até as 5h30 da manhã.

A beatificação acontece apesar das críticas sobre a rapidez do processo com que João Paulo II está sendo honrado. Muitas críticas referem-se ao fato da série de escândalos sexuais de padres com crianças ocorreram durante o mandato de 27 anos de João Paulo. O cardeal Jose Saraiva Martins, chefe aposentado do escritório de beatificação do Vaticano que preside a investigação sobre a vida de João Paulo II no processo, disse que o papa não poderia ser considerado responsável por algo que ele não sabia.

Um vídeo foi mostrado na vigília do Circo Máximo focado principalmente nos meses finais da vida de João Paulo II, quando o mal de Parkinson o impossibilitou de falar ou caminhar. Ele morreu em 2 de abril de 2005.

Rita Megliorin, chefe das enfermeiras no departamento de terapia intensiva do Hospital Gemelli em Roma, atendeu João Paulo II em seus meses finais. Ela disse que, durante o período em que o papa permaneceu sob seus cuidados, passou por uma transformação pessoal assistindo à forma como ele lidou com sua morte próxima.

A freira Marie Simon-Pierre sofria de Parkinson e disse que sua doença piorou no período em que João Paulo II morreu. Marie diz que ela e suas companheiras rezavam para João Paulo na noite de 2 de junho de 2005 e ela acordou na manhã seguinte sentindo que seus sintomas haviam desaparecido. "Em uma capela, diante da Eucaristia, eu ouvi uma voz que disse 'você está curada'", disse a freira em uma recente entrevista. "Eu aceitei passar por todos esses exames para a igreja se certificar do milagre porque eu estou convencida de que minha cura foi um milagre e que João Paulo II é um santo,"

O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe chegou a Roma neste sábado, apesar do embargo que a União Europeia impõe a suas viagens, para participar da cerimônia de beatificação de João Paulo II, na Cidade do Vaticano. O governo de Mugabe é acusado de violar os direitos humanos. Em 2005, ele foi muito criticado por assistir ao funeral do papa na Praça de São Pedro. O embargo da União Europeia não inclui a Cidade do Vaticano.

Vigília em CuritibaA comunidade polonesa de Curitiba prestou homenagem, na noite deste sábado (30), a João Paulo II, beatificado neste domingo (1º) em Roma. A celebração reuniu dezenas de pessoas no Bosque do Papa, que fizeram orações e entoaram cantos, entre ele "A Bênção, João de Deus", composto para a visita do papa ao Brasil.

A homenagem contou com a participação de corais. Também foi apresentado um vídeo sobre a visita do papa a Curitiba, em 1980. Uma placa alusiva a beatificação de João Paulo II foi colocada na capela visitada por ele, contou Danuta Lisicki de Abreu, organizadora do evento.

Karol Wojtyla foi o primeiro pontífice que não havia nascido na Itália. Ele morreu em 2005.

Outras homenagens

No Santuário da Divina Misericórdia, no bairro Umbará, também será realizada uma missa em ação de graça pela beatificação de João Paulo II. A celebração está marcada para as 10 horas e será presidida pelo bispo Dom Ladislau Biernaski. O santuário está localizado na Estrada do Ganchinho, 570.

A festa da Divina Misericórdia é celebrada todos os anos uma semana após a Páscoa. Foi o papa João Paulo II que instituiu a festa, no ano 2000, e nesse ano a data coincide com o dia de sua beatificação.

Transmissão pela internet

A cerimônia de beatificação do Papa João Paulo II foi transmitida na íntegra e ao vivo pela internet. Em parceria com a CTV, a Central de televisão do Vaticano, e a Radio Vaticano, o YouTube transmitiu a cerimônia desde as 4 horas de domingo. A beatificação foi realizada na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Ainda na internet, o Vaticano fez uma homenagem ao pontífice colocando no ar uma página sobre sua vida, trajetória religiosa e pontificado.

Em geral, as fases iniciais dos processos de canonização levam décadas ou mesmo séculos. Mas em maio de 2005, um mês depois da morte de João Paulo II, seu sucessor, o papa Bento XVI, abriu uma exceção, dispensando-o do prazo habitual de cinco anos após a morte do candidato. Mais um milagre

Bastará mais um milagre de João Paulo II para ele ser canonizado ou declarado santo. Ou nem isso, se o papa Bento XVI dispensar essa exigência, para acelerar o processo. Nesse caso, bastaria somente a reafirmação das virtudes heroicas, já comprovadas para a beatificação.

A julgar pelo procedimento adotado por Bento XVI, que em 2005, logo após a morte de Karol Wojtyla, ignorou o prazo de cinco anos previsto para o início da causa que daria ao amigo o título de beato, é provável que a canonização não demore.

Essa é a previsão de Irmã Célia Cadorin, a freira brasileira que trabalhou como postuladora nos processos de Santa Paulina e de Santo Antônio Galvão e atualmente atua nas causas de duas dezenas de candidatos a santo no Brasil. "O papa tem poder para dispensar o milagre e acredito que ele vá fazer isso, porque a santidade de João Paulo II é reconhecida", disse Irmã Célia.

Fotos dos preparativos e da cerimônia

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