O papa Francisco realizou ontem uma missa assistida por seis vítimas, hoje já adultas, de abusos sexuais dentro da Igreja. Durante a homilia, ele pediu perdão "pelos pecados de omissão" cometidos por líderes religiosos em relação aos "crimes graves". A missa ocorreu na residência do papa, no Vaticano, e depois ele conversou por cerca de 30 minutos com cada uma das vítimas.
"Humildemente peço perdão", disse o papa. De acordo com ele, a Igreja não respondeu adequadamente às denúncias de abuso apresentadas por familiares e pelas próprias vítimas, o que tornou o sofrimento dos envolvidos ainda maior. "E colocou em perigo outros menores", disse o pontífice. "Os pecados de abuso sexual contra menores pelo clero têm um efeito virulento na fé e na esperança em Deus."
Francisco afirmou que algumas das vítimas se aferraram à fé, mas outras acabaram se afastando de Deus. "Muitos dos que sofreram a experiência buscaram paliativos pelo caminho da dependência. Outros experimentaram transtornos nas relações com pais, cônjuges e filhos", disse.
Culto
Em outro momento, o papa expressou "angústia e dor" pelo fato de alguns sacerdotes e bispos terem violado a inocência de menores e da própria vocação sacerdotal ao cometer os abusos sexuais.
"É como um culto sacrílego porque esses meninos e essas meninas confiaram no carisma sacerdotal para levá-los a Deus e eles os sacrificaram por causa de sua concupiscência", disse o sumo pontífice. Os abusos, na opinião de Francisco, são "atos que deixam cicatrizes para toda a vida".
Esperança
Depois da homilia, o porta-voz da Santa Sé, o padre Federico Lombardi, afirmou que as palavras do papa são "uma mensagem de esperança e de coragem, dirigida às pessoas que sofreram abusos no mundo".
Em relação às seis vítimas presentes na homilia, três homens e três mulheres, vindos da Alemanha, Inglaterra e Irlanda, Lombardi explicou que o Vaticano optou por um número reduzido para que Francisco pudesse conversar pessoalmente com cada um deles.