O papa Bento XVI foi informado sobre os resultados das duas investigações abertas sobre o escândalo causado pela divulgação de documentos secretos do pontífice, conhecido como Vatileaks, e pediu que a magistratura vaticana "mantenha a sua tarefa com cuidado", indicou nesta sexta-feira (27) um comunicado da Santa Sé.
O papa interrompeu suas férias em Castel Gandolfo, a cerca 30 km de Roma, para receber nesta quinta-feira a comissão de cardeais responsável pela investigação administrativa sobre o vazamento de informações confidenciais, assim como aos juízes que investigam o caso.
A nota divulgada pelo Vaticano em três idiomas explica que "o Santo Padre foi informado sobre as conclusões a que a comissão cardinalícia chegou e sobre o andamento do procedimento penal" contra seu mordomo, Paolo Gabriele, único interrogado até então.
"O papa agradeceu pelas informações recebidas e pediu que a Magistratura Vaticana mantenha sua tarefa com cuidado", destaca o comunicado.
Além dos cardeais Julián Herranz (espanhol), Jozef Tomko (eslovaco) e Salvatore De Giorgi (italiano), membros da comissão cardinalícia, o papa recebeu o juiz instrutor, Piero Antonio Bonnet, e o Promotor de justiça Nicola Picardi, do Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano.
O número dois do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, não compareceu à reunião, por estar em férias. Estavam presentes o secretário do Papa, monsenhor Georg Gänswein; o número três do Vaticano, Angelo Becciu; o comandante da Guarda vaticana, Domenico Giani; e o recém-nomeado consultor de Comunicação, o jornalista americano Greg Burke.
Em declarações à imprensa, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, explicou que, entre 6 e 7 de agosto, será concluída a fase probatória contra Gabriele, acusado de "roubo agravado", e será possível saber se será aberto um julgamento ou se ele será liberado sem acusações.
Gabriele, detido em 23 de maio, está em prisão domiciliar desde 22 de junho, e, de acordo com alguns veículos da imprensa italiana, o ex-mordomo, que era conhecido como Paoletto, escreveu uma carta ao papa pedindo perdão pelos erros cometidos e para que recebesse a graça.
O Vaticano teve sua imagem prejudicada pelo vazamento de diversos documentos internos, entre eles as inúmeras cartas particulares dirigidas ao papa ou a seu secretário, o que provocou uma das maiores crises do papado de Bento XVI, já que gerou dúvidas até mesmo em relação à sua liderança como guia da Igreja Católica.
De acordo com a imprensa italiana, o mordomo não era o único a ceder documentos e a romper o juramento de confidencialidade que devem respeitar todos os que trabalham na administração do Vaticano.